Uma aposentada de 78 anos foi encontrada vivendo sozinha em uma casa cercada por mato, em Anápolis, a 55 quilômetros de Goiânia. A mulher, que tem problemas mentais, não tem geladeira, nem comida em casa. Para tomar banho, ela usa um tanque que fica do lado de fora da residência de dois cômodos, já que o chuveiro não funciona. De acordo com a polícia, o dinheiro que ela ganha é retirado pelo enteado dela, que não a ajuda. Os outros parentes moram no nordeste do país.
A situação da aposentada foi denunciada por um vizinho. Para entrar no local, os policiais tiveram que serrar uma corrente. Segundo o delegado Manoel Vanderic, a idosa será encaminhada para um abrigo. Além disso, o enteado será investigado por aproveitar do dinheiro da aposentada.
Outro caso de abandono constatado em Anápolis é o de um homem de 69 anos. Ele mora em um cômodo emprestado pela sobrinha. Inclusive, foi ela quem denunciou a situação do parente.
A mulher, que não quis se identificar, conta que o idoso tem dois filhos, uma mora na mesma cidade e outro na cidade vizinha de Terezópolis de Goiás. Entretanto, eles não visitam o pai há anos, conta. “Eles nãos gostam dele, não querem vê-lo, tem vergonha de vir aqui”, declara a sobrinha.
Ela afirma que decidiu denunciar porque há alguns dias o aposentado não consegue andar e não teve ajuda de nenhum deles para procurar um médico. “A hora que eles estavam precisando, eles chegavam aqui. Só quero que eles lembrem que ajudei tanto eles”, lamenta o idoso.
Esses são dois dos 70 casos de abandono e maus-tratos denunciados em um mês, em Anápolis. As situações foram registradas na Delegacia de Proteção ao Idoso, que só tem um mês de funcionamento.
O delegado Manoel Vanderic ressalta que desde que o Estatuto do Idoso foi promulgado, em 2003, há a obrigação do poder público, da sociedade e da família de garantir os direitos dessas pessoas. “Não há obrigação legal de gostar, de afeto, mas há obrigação legal de cuidado. Os familiares são obrigados a zelar dessas pessoas com mais de 60 anos”, ressalta.
Manuel Vanderic afirma que a população tem de ficar atenta a casos de abandono. Para denunciar, a pessoa pode procurar um distrito policial, o Ministério Público, o Poder Judiciário, ou ainda o Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa. “Além da responsabilização criminal desses autores, tem que ser feita assistência social, visando a integração social desse idoso e o resgate material e psicológico”, comenta.
Reprodução Cidade News Itaú
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