“Eu faria qualquer modificação para ter a seleção brasileira aqui. Estados muito menores que o nosso estão investindo R$ 1 bilhão, R$ 800 milhões. Não é só para um treino. Vamos estar preparados para receber outras seleções agora e na Copa do ano que vem”, disse o político, aliado de Marin que transformou Goiânia na casa da seleção no país desde 2010.
José Maria Marin, presidente da CBF, também esteve no evento. Embora não tenha ido a fundo no assunto, ele também rasgou elogios ao empenho do governo local. “Só tenho, em nome da CBF e dos presidentes de federações, externar não só meu agradecimento, mas principalmente meu reconhecimento a todo apoio e trabalho do governador à nossa seleção brasileira”, disse o presidente da CBF.
A reforma custou, ao todo, R$ 4 milhões, valor bancado integralmente pelo Goiás. Agora, nas próximas semanas, um acordo político deve ser selado para que o Governo do Estado possa ressarcir o clube em quase R$ 2,5 milhões. Tudo por meio período de treinamentos.
No total, a seleção passará oito dias em Goiânia antes da Copa das Confederações, com treinos em cinco deles. Apenas um período de trabalho, no entanto, ocorrerá na Serrinha, segundo o próprio assessor do clube falou à reportagem. Será justamente o primeiro, na manhã desta terça. Os demais estão marcados para o CT do clube, em outro ponto da cidade.
Mesmo assim, o governo estadual e o clube se empenharam em uma estratégia que abriu brecha para o investimento do dinheiro. O processo que permitiu o investimento se deu todo no mês de maio, quando a reforma já estava praticamente concluída.
Em 16 de maio, o governador Marconi Perillo encaminhou à Assembleia Legislativa um pedido de alteração do Proesporte, programa do governo estadual que prevê, desde 2004, que R$ 5 milhões da arrecadação do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sejam destinados a projetos esportivos.
Até então, os interessados apresentavam seus projetos e poderiam captar até R$ 250 mil com empresas no mercado. Da verba total disponível, de R$ 5 milhões, somente 10% poderia ser aplicado no esporte profissional (15% ia para o esporte paraolímpico e 75% para o amador). Além disso, o governo não poderia arcar com mais de 25% do valor total de um projeto.
Para enquadrar o caso do Goiás, tudo isso mudou. O projeto de lei encaminhado pelo governador Perillo pediu que o valor total disponibilizado pelo Estado subisse para R$ 6 milhões. O valor máximo para cada proponente subiria para R$ 325 mil, mas “dependendo da importância e excepcionalidade do projeto”, poderiam ser investidos até 2/5 da verba total anual.
Na prática, isso fez com que a comissão que avalia os pedidos tivesse autorização para repassar até R$ 2,6 milhões. Não por acaso, o valor se aproxima daquilo que foi imaginado pelo Goiás, que ainda foi favorecido em dois itens da nova redação da lei 14.546. O percentual máximo de participação do Estado subiu de 25% para 60% e o item da lei que limitava a distribuição da verba para o desporto profissional foi limado.
A nova redação foi aprovada pela Assembleia Legislativa em 21 de maio e sancionada pelo governador dois dias depois. Com isso, a Agel pôde tirar da gaveta três projetos que estavam travados desde o início do ano.
Em 18 de janeiro, o Goiás encaminhou ao órgão três pedidos de verba do Proesporte. Na verdade, se tratavam de três etapas de um mesmo projeto, denominado “Amplações [sic] e adaptações para desenvolvimento escolinhas de futebol”. Em cada um deles, o clube pede R$ 807.500,00, chegando a um total de pouco mais de R$ 2, 4 milhões.
Na justificativa apresentada, o Goiás argumenta que com a verba poderá, entre outras coisas, “gerar inclusão social em toda a nossa cidade”. Na discriminação dos valores, no entanto, o clube promete gastar dinheiro com itens como areia lavada (R$ 204 mil), estrutura metálica (R$ 239 mil) e matérias de construção e obra (R$ 357 mil).
Depois das alterações do Proesporte terem avançado, as três propostas do Goiás entraram na pauta da Agel. Para que elas sejam aprovadas e o clube ressarcido, só falta que a Secretaria da Fazenda regulamente o uso do novo valor. Consultada pelo UOL Esporte, a pasta confirmou que deve fazê-lo em breve.
"A lei do programa foi alterada e ampliada de R$ 5 milhões para R$ 6,5 milhões. A mudança já foi aprovada pela Assembleia por iniciativa do Executivo. A Sefaz [Secretaria da Fazenda] foi consultada, apoiou a mudança e entende que tem condição de liberar o valor (novo) durante o ano de 2013", disse a assessoria de imprensa do órgão.
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