O menino Brayan Yanarico Capcha, 5, faria seis anos no próximo dia 6 de julho. Ansioso por uma festa de aniversário, ele mesmo começou a desenhar os convites que daria aos amigos até ser interrompido por ladrões que entraram em sua casa. Brayan foi morto durante um assalto porque seu choro irritou os ladrões.
A casa localizada no bairro de São Mateus, na zona leste de São Paulo, foi invadida na madrugada de sexta-feira (28). Ele foi alvejado na cabeça enquanto estava no colo da mãe.
A criança implorou por sua vida e pela de seus pais até ser calado com o tiro. Seis ladrões levaram R$ 4.500 em dinheiro da casa. Dois suspeitos do crime já foram presos. Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), o segundo suspeito tem 18 anos e foi preso neste sábado (29). O primeiro foi detido na noite de sexta-feira.
Volta para Bolívia acontece até quarta
Segundo Patrícia Vega, advogada da família contratada pelo Consulado boliviano em São Paulo, o corpo de Brayan será trasladado para La Paz, na Bolívia, até quarta-feira, com todas as despesas pagas pelo consulado. A passagem de avião dos pais também foi paga pelo órgão público.
Aos outros familiares que demostraram interesse em voltar ao país, o consulado ofereceu passagens via terrestre.
Filha de bolivianos, Vega está acompanhando a família sem receber honorários. Neste sábado (29), ela disse que acompanhou os pais de Brayan na compra de roupas brancas para vestir o corpo da criança.
Seu corpo está sendo velado na noite deste sábado em uma funerária em Guarulhos, atrás do Cemitério São Judas Tadeu. A comunidade boliviana em São Paulo foi convidada a comparecer.
O presidente da Associação de Residentes Bolivianos, Carmelo Muñoz Cardozo, convocou os imigrantes em solidariedade à família. Segundo ele, o pai da criança está atônito, sem conseguir falar muito sobre o assunto.
"Tentei falar com ele ao telefone e ele só falava 'no se', 'no se' [não sei, não sei, em espanhol]".
A associação tem o papel de receber os imigrantes que chegam a cidade, ajudando-os a encontrar casa e emprego. Dos 350 mil imigrantes bolivianos que vivem na cidade, 270 mil são legalizados, segundo Cardozo. Para o presidente, o maior desafio da instituição é ajudar os imigrantes que chegam sozinhos. "Muitos chegam sem apoio familiar e muitas meninas acabam engravidando", disse.
Segundo Vega, toda a família está muito abalada e mal consegue dormir.
O cônsul-geral da Bolívia, Jaime Valdívia, classificou o assassinato do menino como um crime hediondo: "Somos respeitosos às leis brasileiras. Queremos que a polícia encontre o criminoso."
Fim de festa
Brayan já sabia o que ia ganhar na festa de aniversário. Ele havia dado três opções de presentes preferidos: um carrinho, um boneco do pica-pau ou uma roupa nova.
"Brayan era um menino super alegre, que aprendeu a falar português sozinho e estava ensinando a língua para a mãe. Ele tinha pedido para voltar para a Bolívia e por isso os pais estão se sentindo muito culpados", disse Vega.
Os pais Edberto Capcha, 28, e Verónica Capcha, 24, estavam há seis meses no Brasil. Trabalhavam em uma oficina de costura improvisada no próprio quarto do casal. No sobrado onde moravam viviam oito adultos e duas crianças.
Brayan não frequentava a escola, situação que fazia os pais repensarem em voltar à Bolívia.
Latrocínios crescem em São Paulo
O número de latrocínios registrados no Estado de São Paulo aumentou 13% nos primeiros cinco meses do ano em comparação com o mesmo período de 2012. Foram 153 casos registrados no ano passado, ante 173 em 2013. Os dados foram divulgados na terça-feira (25) pela Secretaria de Segurança Pública.
Dois casos de latrocínio chamaram a atenção nos últimos meses no Estado: dois dentistas foram queimados por criminosos que assaltaram seus consultórios. O primeiro caso aconteceu no dia 25 de abril, em São Bernardo do Campo (Grande SP).
A vítima, Cinthya Magaly Moutinho de Souza, 46, foi queimada depois que os assaltantes verificaram que havia apenas R$ 30 em sua conta bancária. A dentista morreu na hora.
Quase um mês depois, no dia 27 de maio, o dentista Alexandre Peçanha Gaddy, 41, foi queimado durante um suposto assalto a seu consultório em São José dos Campos (SP) e morreu oito dias depois. Na quinta-feiar (27), a polícia prendeu dois suspeitos de terem participado do crime.
Reprodução Cidade News Itaú
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