Um aluno registrou o momento em que o avião que jogou veneno na Escola Municipal São José do Pontal, sobrevoava o local, na zona rural de Rio Verde, no sudoeste de Goiás. Com o celular, ele flagrou a aeronave voando bem baixo nas proximidades do colégio. O menino estava com outras crianças na quadra de esportes quando o vídeo foi feito. As imagens foram cedidas pela Polícia Civil. Crianças e professores foram intoxicados na manhã de sexta-feira (3). Três vítimas continuam internadas em um hospital da cidade.
A escola está fechada nesta segunda-feira (6). Os 250 estudantes foram dispensados porque ainda pode haver veneno no local. A direção do colégio aguarda uma vistoria do Corpo de Bombeiros para retomar as aulas. A empresa Aerotex Aviação Agrícola Ltda, que fazia a pulverização do inseticida, se comprometeu em fazer a limpeza do prédio ainda nesta semana.
O piloto, um funcionário e o dono da empresa de aviação estavam presos na delegacia de Rio Verde desde sexta-feira, mas foram soltos na tarde de domingo (6), por uma decisão da Justiça. Eles pagaram fiança de R$ 25 mil.
Segundo as investigações, o plano de voo da aeronave mostra que o avião despejou agrotóxico a menos de 15 metros da escola. O dono do avião justifica que o piloto não viu que era uma unidade de ensino. “Em hipótese alguma, um ser humano, um piloto agrícola ia fazer o trabalho sabendo que ali existia alguém “, ressalta o empresário Rui Alberto Textor.
O delegado regional de Rio Verde, Danilo Carvalho, afirmou que os três devem ser responsabilizados, uma vez que não tomaram as medidas necessárias para a utilização do produto. “Eles colocaram em risco todas aquelas crianças. Portanto, eles incorreram em pelo menos dois crimes: um ambiental e um relacionado à utilização de agrotóxico”, argumenta o delegado.
Agrotóxico
O veneno que intoxicou as pessoas que estavam na escola é o engeo pleno. De acordo com o delegado regional de Rio Verde, Danilo Carvalho, pelas leis ambientais e de utilização de agrotóxico, esse inseticida só pode ser aplicado via terrestre.
O delegado explicou que o receituário agronômico do veneno é bem claro ao dizer que ele não pode ser pulverizado de forma aérea, somente pelo chão. "Mesmo assim, tomando todas as medidas de precaução para evitar que ele pudesse contaminar e trazer risco a saúde de qualquer ser humano", explicou.
Intoxicação
O avião que pulverizou o veneno na quadra de esportes da escola passou pelo local na manhã de sexta-feira. O colégio fica no Assentamento Pontal dos Buritis, às margens da GO-174, a cerca de 130km de Rio Verde. No momento em que o agrotóxico foi despejado, mais de 100 alunos estavam na escola.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, 37 pessoas foram intoxicadas, sendo oito adultos. As 29 crianças, com idade entre seis e 14 anos, foram atingidas enquanto brincavam na quadra de esportes.
Segundo o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), 42 alunos chegaram a ser levados para hospitais de Rio Verde e Montividiu vomitando, sentido tonturas e fortes dores de cabeça, que segundo o órgão, é comum em casos de intoxicação. Desses, 29 ficaram internados. O diretor e uma professora da escola que tentaram retirar os alunos da quadra também precisaram ser atendidos.
Na manhã de sábado, a maioria dos estudantes foi liberada. Apenas três crianças continuam internadas. Mesmo após elas voltarem para casa, os pais terão de ficar atentos pelos próximos cinco dias por causa de possíveis sintomas como dor de cabeça, vômito e coceira.
"Se surgir algum sintoma tardio, eles devem nos procurar, pois há médicos disponíveis 24 horas para atendimento", diz Gilsa Diniz Dias, coordenadora do Centro Toxicológico.
Reprodução Cidade News Itaú
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