Por causa de um experimento científico, uma estudante de 16 anos considerada modelo de bom exemplo e sem nenhum registro negativo em seu histórico escolar acabou expulsa do colégio em que estudava, no estado americano da Flórida. Segundo o jornal britânico "The Guardian", a estudante pode responder na Justiça por crimes federais com penas de até 20 anos de prisão. O episódio levantou um debate no país sobre o rigor da aplicação de leis contra violência dentro de escolas dos Estados Unidos.
De acordo com informações do canal de televisão WTSP 10 News, na manhã de segunda-feira (29), Kiera Wilmot usou uma pequena garrafa d'água para misturar materiais de limpeza caseiros dentro da Bartow High School. A combinação provocou uma pequena explosão que fez com que a tampa da garrafa pulasse e criou fumaça.
Testemunhas contaram que ninguém se feriu. O "The Guardian" afirmou que, segundo as informações do boletim de ocorrência, o diretor do colégio, Dan Durham, estava andando pelo gramado quando ouviu a explosão. Ao abordar a estudante, ela teria dito que realizava um experimento para uma feira de ciências. Mas, depois que o professor de ciências da garota afirmou que o experimento não fazia parte de nenhuma tarefa da aula, Durham decidiu chamar a polícia.
Ainda de acordo com o jornal, os produtos usados pela estudante são papel alumínio e líquidos químicos usados para limpar sanitários.
Expulsão e ficha corrida
Mesmo sem feridos ou manchas em seu currículo escolar, a aluna foi expulsa e acusada de posse de armas e de disparar um instrumento destrutivo. Apesar de ter 16 anos, Kiera vai responder às acusações como se fosse adulta.
A família não deu declarações à imprensa. Mas, segundo reportagem da quarta-feira (1º) do WTSP 10 News, repórteres que se aproximaram à casa de Kiera ouviram gritos de uma garota reclamando que a reação ao episódio foi desproporcional.
Por causa do ocorrido na segunda-feira, Kiera não poderá se matricular em outra escola e seguir uma vida normal de estudante do ensino médio. Ela deverá concluir o ciclo básico de ensino em um "programa para alunos expulsos", diz a imprensa norte-americana.
Na quarta-feira, o Departamento de Educação do Condado de Polk, ao qual a escola faz parte, divulgou um comunicado afirmando que o episódio foi uma "quebra de conduta séria" por parte da estudante. "Para garantir um ambiente de aprendizado seguro e ordenado, simplesmente precisamos seguir as regras do nosso código de conduta", diz a nota.
O órgão pediu que os pais participassem da tarefa de "passar a mensagem de que há consequências para as ações".
Petição
Mesmo assim, o debate sobre a intolerância com que Kiera foi tratada se espalhou pela internet, e há até uma petição para que as acusações sejam retiradas, com mais de 4.600 assinaturas.
O próprio diretor da escola afirmou ao WTSP 10 News que, além de ter um histórico imaculado na Bartow High School, Kiera ainda colaborou para explicar o ocorrido. "Ela nos contou tudo e foi muito honesta. Ela não fugiu ou tentou esconder a verdade. Tivemos uma longa conversa com ela", disse Durham.
Colegas da estudante e internautas afirmam que o bom comportamento da jovem deve ser levado em conta na hora de decidir se o que ela fez foi apenas por curiosidade científica ou se ela realmente tramava um ataque contra a escola. Ativistas ainda reclamam da disproporcionalidade racial entre as punições a estudantes negros em relação aos brancos.
Reprodução Cidade News Itaú
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