Doze anos depois, Juan Román Riquelme voltou a ser decisivo contra um grande paulista. De novo, a arbitragem interferiu no resultado do confronto, agora com um pênalti não dado e um gol mal anulado. Em 2013, quem mudou foi a vítima. Se nas duas primeiras vezes que esteve na cidade o camisa 10 destruiu o sonho do bi do Palmeiras, desta vez repetiu a dose com o Corinthians. Com um golaço, ele desequilibrou o jogo para o Boca, que arrancou o empate por 1 a 1 e acabou com o sonho alvinegro de dominar a América pelo segundo ano seguido.
Com o 1 a 0 que os argentinos já tinham aplicado na Bombonera, há duas semanas, o Boca avançaria às quartas da Copa Libertadores sem contestação. O problema foi a atuação de Carlos Amarilla, decisivo nesta quarta. Ainda antes dos visitantes abrirem o placar, o veterano árbitro havia ignorado um pênalti e anulado de maneira equivocada um gol de Romarinho, além de ter invertido algumas faltas que irritaram os corintianos.
Um roteiro muito parecido com aquele que viveu o Palmeiras em 2001, quando encarou o Boca Juniors de Riquelme na semifinal da Libertadores. Na ocasião, o também paraguaio Ubaldo Aquino deixou de dar dois pênaltis para o Palmeiras e anotou um irregular para o time da casa no 2 a 2 na Argentina. Em São Paulo, um novo empate, com show do 10 visitante, levou o jogo para os pênaltis e eliminou a equipe alviverde.
Desta vez, todos esses elementos se juntaram em uma partida só. O primeiro lance decisivo de Amarilla foi logo aos 9 minutos, quando em uma disputa na área, Marin encostou a mão na bola. O juiz não só ignorou como deu amarelo para Emerson Sheik por reclamação.
Aos 26 minutos, Romarinho saiu na cara do gol após bela assistência de Emerson. Aos trancos e barrancos, ele driblou Orion e marcou, mas o árbitro anulou alegando impedimento, novamente equivocado. O lance mexeu com os corintianos, que reclamaram e pareceram esquecer momentaneamente de Riquelme.
No lance seguinte, o maestro argentino recebeu na direita, percebeu Cássio adiantado e bateu de muito longe. Um golaço, que forçaria o Corinthians a fazer três gols para tentar a vaga.
Os brasileiros reagiram com a calma que lhe é peculiar. Sem desespero, não tiveram vergonha de trocar passes na intermediária e só chutariam a primeira bola dez minutos depois, em uma finalização de Emerson prensada pela zaga. Com Paulinho e Danilo jogando bem, o Corinthians só não assustaria mais por conta da grande partida do Boca.
Apesar da limitação da equipe, penúltima colocada no Campeonato Argentino, Carlos Bianchi armou uma marcação eficiente, apostou bem no trio Erviti, Riquelme e Blandi e deu poucos espaços ao Corinthians de Tite, que teve de mudar sua formação já no intervalo.
Alexandre Pato, xodó da torcida, entrou em campo na vaga de Romarinho e deu gás ao ataque alvinegro. Logo aos 6 minutos, Paulinho fez o Pacaembu explodir ao completar, de cabeça, um cruzamento de Emerson Sheik.
Foi a senha para o Corinthians se lançar com tudo ao ataque, com especial sucesso nas bolas aéreas. Em uma delas, aos 15 minutos, Paulinho marcou no rebote de Orion, mas o juiz anulou novamente em um lance polêmico, marcando falta de Gil no goleiro do Boca. Dessa vez, no entanto, ele o fez corretamente.
Os argentinos, cientes da qualidade dos atuais campeões da Libertadores, se limitaram a jogar na defesa. Riquelme, com sua parte já cumprida, saiu de campo aos 23 minutos, sob óbvias vaias do público. Bianchi recuou todo mundo e deixou Blandi isolado no ataque, enquanto o Corinthians se armava com Alexandre Pato e Emerson Sheik nas pontas.
A melhor chance do jogo foi do ex-milanista. Aos 31 minutos, Guerrero desviou um cruzamento e Pato, com um toque de classe, tirou Orion do lance, só que se atrapalhou na hora de bater e perdeu sem goleiro uma chance incrível.
O lance, aparentemente, abateu o Corinthians. Depois da chance incrível, o time passou a atacar menos, sequer se apresentou para Cássio em lances de reposição de bola e não levou mais perigo ao Boca, que ainda teve uma chance de definir com Bravo, que desperdiçou chutando em cima de Fábio Santos. Nada que mexesse no placar, que confirmou a doída eliminação alvinegra.
Com o resultado, o Boca se vinga da final da Libertadores do ano passado, lembrada pela torcida corintiana em um mosaico antes do jogo e entalada na garganta dos argentinos. O time da Bombonera ainda consolidou seu histórico de algoz dos brasileiros. Em 14 confrontos de mata-mata na Libertadores, são 11 vitórias. Bianchi, por exemplo, nunca foi derrotado nas oito disputas que teve.
Agora, o Boca faz um clássico argentino nas quartas diante do Newell’s Old Boys, que mais cedo passou pelo Vélez com uma vitória por 2 a 1 fora de casa. Para o Corinthians, resta a lamentação pelo sonho frustrado e a disputa pelo título paulista. Depois de vencer o primeiro jogo por 2 a 1 no Pacaembu, no último domingo, a equipe decide a taça na Vila Belmiro, neste fim de semana, podendo empatar por qualquer placar.
Reprodução Cidade News Itaú
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