O World Press Photo, um dos concursos mais prestigiosos do fotojornalismo em todo o mundo, divulgou na noite de terça-feira (14) análises de especialistas com a intenção de acabar com a polêmica em torno da foto que levou o grande prêmio da edição 2012, do sueco Paul Hansen. O pedido de uma análise forense foi feito depois que um analista de imagens publicou em um blog que a imagem seria uma montagem, o que causou repercussão na web.
Segundo o analista de imagens Neal Krawetz, a cena de um funeral coletivo em Gaza teria sido montada a partir de três arquivos diferentes e sofrido ainda interferências para iluminar os rostos de forma mais dramática. Ele expôs sua análise em um blog.
Mas segundo os dois especialistas ouvidos pelo concurso - o dr. Hany Farid, professor de Ciência da Computação na Faculdade de Dartmouth, e Eduard de Kam, especialista em fotografia digital do NIDF (conceituado instituto holandês) -, a hipótese de montagem é uma mentira.
Em texto divulgado no site do concurso, três pontos da análise que gerou a denúncia são refutados: o histórico do arquivo no Photoshop, o mostrador de nível de erros da imagem e a questão das sombras projetadas na cena.
No entanto, os especialistas também explicam que "é evidente que a fotografia publicada foi retocada, respeitando os parâmetros globais e locais de cor e tonalidade".
Eduard de Kam vai além: "Quando comparo o arquivo raw com a versão vencedora do prêmio, posso realmente ver que houve uma quantidade significativa de pós-produção, no sentido de que algumas áreas foram clareadas e outras foram escurecidas. Mas em relação à posição de cada pixel, todos estão exatamente no mesmo lugar no [arquivo] jpeg e no raw", explica.
Denúncia
Blogueiros e jornalistas pró-Israel já haviam acusado Hansen de manipulação quando a foto foi veiculada. E segundo o jornal alemão "Spiegel", as suspeitas aumentaram quando, ao receber o prêmio em Amsterdã e segurar lágrimas enquanto lembrava do reencontro que teve com as famílias fotografadas, ele teria "esquecido" de levar o arquivo original da foto (raw) para possibilitar a comparação.
O especialista Neal Krawetz analisou o arquivo da foto e mostrou pontos que denunciariam uma suposta farsa, publicando o que levantou em um blog. A denúncia gerou polêmica e resultou na defesa do próprio prêmio, que submeteu a imagem à análise de dois especialistas independentes para a investigação forense do arquivo.
O prêmio
A imagem de Hansen, que retrata uma cena em 20 de novembro de 2012 na cidade de Gaza, foi publicada no jornal sueco "Dagens Nyheter". Ela mostra um grupo de indivíduos que levavam até uma mesquita os corpos de dois sobrinhos de 2 e 3 anos de idade, mortos em seu domicílio por um míssil israelense.
"A força desta foto está no contraste entre a revolta e o sofrimento dos adultos com a inocência das crianças", declarou à época do prêmio, em fevereiro, Mayu Mohanna, membro do júri citado em um comunicado. "É uma foto que nunca esquecerei", disse.
Exposição
A partir da semana que vem, o Rio de Janeiro recebe uma exposição com 154 imagens da última edição do World Press Photo. E a imagem de Paul Hansen, como grande vencedora, está prevista para compor a mostra, que traz seleção das melhores fotos publicadas na mídia em 2012.
O brasileiro Felipe Dana, que fotografa para a agência Associated Press, está entre os autores contemplados com uma menção honrosa.
Serviço:
Exposição World Press Photo
Período: a partir da próxima terça-feira (21), até 23 de junho
Visitação: de terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Local: Caixa Cultural Rio de Janeiro – Galeria 4 - Av. Almirante Barroso, 25, Centro
Reprodução Cidade News Itaú
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