Mais de dois meses depois de ter sido exumado, o corpo de Marcos Matsunaga foi enterrado novamente. O sepultamento ocorreu na manhã desta quarta-feira (15) no jazigo da família, na capital paulista, sob a supervisão de peritos da Polícia Técnico-Científica. A informação do novo sepultamento do diretor executivo da Yoki foi confirmada às 11h ao G1 pela administração do Cemitério São Paulo, na Zona Oeste. O procedimento, chamado de inumação, estava agendado para as 10h.
A exumação foi realizada no dia 12 de março por determinação da Justiça, após pedido feito pela defesa de Elize Matsunaga para uma nova perícia no cadáver. A viúva está presa preventivamente desde que confessou ter assassinado o marido em maio de 2012. Ela atirou na cabeça do empresário do ramo alimentício e depois o esquartejou.
Os defensores da ré haviam solicitado o novo exame para a Polícia Técnico-Científica determinar o momento exato da morte. O advogado Luciano Santoro contestava o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), que havia informado que Marcos ainda estava vivo quando foi decapitado. Por causa disso, o Ministério Público entendeu que Elize agiu com crueldade. A defesa argumentou que o teste foi mal feito e que o mais provável é que o diretor morreu logo após o tiro.
O resultado do laudo da exumação, divulgado com exclusividade pelo G1 em abril, não foi conclusivo sobre o momento da morte de Marcos. O documento está repleto de informações contraditórias, que deixam dúvidas quanto ao instante em que o empresário foi morto. Informou, por exemplo, que o executivo ficou inconsciente após o disparo, mas não determinou se ele estava vivo durante o esquartejamento.
O laudo da exumação tinha informado ainda que o avançado estado de putrefação do corpo comprometeu avaliações de quesitos que apontariam se ele apresentava reações vitais ao ser esquartejado. Apesar disso, exame microscópico realizado pelo Núcleo de Anatomia Patológica do IML, anexado ao mesmo laudo, não encontrou sinais vitais nas cinco amostras do cadáver analisadas.
40 centímetros
Uma das certezas do laudo é que o tiro que matou Matsunaga foi dado em distância "maior que 40 centímetros", conforme o exame número 0851/2013, assinado pelo médico-legista Ruggero Bernardo Felice.
Procurados na época para comentarem o assunto, as partes envolvidas no processo continuaram a divergir sobre o resultado do laudo da exumação.
Para a defesa, o resultado demonstrou que Marcos morreu logo após o disparo feito por Elize. Um dos exames que corroborariam com essa tese é uma radiografia feita do crânio da vítima, que mostra a trajetória da bala, segundo os defensores da ré.
“O Marcos morreu do disparo da arma, segundo laudo. Só não pode se precisar o tempo porque o médico-legista que fez o laudo necroscópico deixou de realizar os exames necessários”, disse a advogada Roselle Soglio, defensora de Elize ao lado de Santoro. Ela também é especialista em perícias criminais.
Para o advogado da família de Marcos, o primeiro documento, que aponta que a vítima foi morta durante o esquartejamento, é o mais confiável. “Qualquer laudo complementar e nova perícia seria inconclusiva à mercê dessa situação [do estado de putrefação do corpo], que prejudica o resultado”, disse Luiz Flávio Borges D'Urso.
O juiz Adilson Paukoski Simoni já determinou que as partes se manifestem sobre o resultado do laudo da exumação. Após isso, ele decidirá se Elize deverá ser interrogada novamente. Também poderá decidir se a acusada deve ser submetida a júri popular pelo crime.
Pena
O Ministério Público quer que Elize cumpra 30 anos de prisão em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe -vingança movida por dinheiro-, recurso que impossibilitou a defesa da vítima e meio cruel). Para o promotor José Carlos Cosenzo, Elize premeditou o crime e matou o marido para ficar com o dinheiro do seguro e da herança.
Os defensores de Elize contestam o meio cruel. Alegam que sua cliente só esquartejou Marcos após matá-lo com um disparo. Eles defendem que esse tiro foi dado a esmo, depois de uma discussão em que a acusada teria sido agredida. Ela tinha descoberto fazia pouco tempo que Marcos a traia com uma garota de programa.
Elize também é acusada de ocultação de cadáver, por ter abandonado os membros, o tronco e a cabeça do marido em pontos diferentes da Estrada dos Pires, na Grande São Paulo. A Polícia Civil ainda investiga se ela teve a ajuda de outra pessoa para cometer o crime. Exame de DNA mostrou sangue de outro homem no quarto de Marcos.
O crime
Marcos Matsunaga foi morto e esquartejado no dia 19 de maio de 2012, aos 42 anos. Ele era sócio da empresa alimentícia Yoki. Elize, atualmente com 31 anos, está presa na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo. A filha do casal, de 1 ano, está sob a guarda dos avós paternos. Desde que foi presa a ré não pôde ver a criança.
Luciano Santoro, advogado de Elize, sustenta que ela não teve a intenção de matar Marcos. De acordo com ele, sua cliente atirou uma vez contra a vítima após ser agredida verbalmente e fisicamente após uma discussão onde descobriu a traição do marido. O Ministério Público, responsável por denunciar a viúva à Justiça, discorda, acredita que a mulher premeditou o crime e o matou para ficar com seu dinheiro, do seguro e da herança.
De acordo com a bacharel, o esquartejamento ocorreu no quarto de hóspedes da cobertura do prédio onde o casal morava com a filha na capital paulista. Após cortar o corpo, os pedaços foram colocados em três malas, jogadas em Cotia, na Grande São Paulo. As partes foram encontradas sem as malas, embaladas em sacos plásticos.
Reprodução Cidade News Itaú
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