quarta-feira, abril 03, 2013

Sob monitoramento internacional, começa amanhã júri dos acusados de matar extrativistas no Pará


Casal José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, mortos em Nova Ipixuna (PA)

Os olhos das entidades internacionais ligadas aos direitos humanos estarão voltados para o Brasil a partir das 8h desta quarta-feira (3), mais especificamente para o Fórum de Justiça de Marabá (a 685 km de Belém). É nesse momento que deve ter início o júri popular que vai decidir se José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento são os assassinos do casal de extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva.

O caso será julgado na Vara da Violência Doméstica e do Tribunal do Júri, um ano após aceitação da denúncia pelo juiz Murilo Lemos Simão. A previsão é que o julgamento seja encerrado na noite da quinta-feira (4).

O crime, ocorrido no dia 24 de maio de 2011, teve repercussão internacional por ser mais um caso de assassinato de militante de defesa da natureza na região da Amazônia. O caso já integra o rol de mortes emblemáticas por questões agrárias no Norte, como a do seringueiro e sindicalista Chico Mendes (morto em 1988) e da missionária americana Dorothy Stang (assassinada em 2005).

Os três acusados estão presos preventivamente desde setembro de 2011, acusados do crime. Segundo as investigações, o casal foi morto na zona rural do município de Nova Ipixuna (a 582 km de Belém), quando passava de moto por uma ponte. Eles foram vítimas de uma emboscada, alvejados a tiros e mortos. Antes de ser assassinado José Cláudio teve parte da orelha direita arrancada "como prêmio pela execução do delito", segundo a denúncia do MP-PA (Ministério Público do Pará), autor da denúncia.

Os homicídios ainda têm três qualificadoras apontadas pela promotoria: motivo torpe –que foi a disputa pela posse de terra--, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.

Por conta da repercussão do crime, a presidente Dilma Rousseff determinou a entrada da Polícia Federal no caso. Em fevereiro de 2012, a ONU (Organização das Nações Unidas) prestou homenagem ao casal.

Nesta terça-feira, diversas entidades internacionais já estão em Marabá para acompanhar o julgamento, entre elas a Anistia Internacional. Hoje também acontece uma audiência pública sobre o caso, na UFPA (Universidade Federal do Pará), quando serão discutidos os problemas agrários na região e o número de ameaçados de morte no Estado.

Reprodução Cidade News Itaú

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