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quinta-feira, abril 18, 2013

Lembrada pela saída do "BBB5" por causa de um AVC, Marielza sonha com a casa própria


Foram só nove dias na casa mais vigiada do Brasil, mas quem não se lembra da passagem de Marielza Souza, 54 anos, na quinta edição do "Big Brother Brasil", em 2005? Chamada por sorteio, a então babá se deslumbrou com a novidade, o glamour da mansão e quando começou a desfrutar das mordomias de um brother, o destino lhe pregou uma peça que a tirou do jogo e da disputa pelo prêmio de R$ 1 milhão: Marielza sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em plena banheira de hidromassagem e perdeu a chance de mudar a sua vida.

"Estava escrito. Seria até injusto de dizer que não ganhei nada porque recebi toda assistência médica. Foi um gasto que eu não tinha condições de pagar. Lógico que eu queria o prêmio sonhava com a grana que mudaria completamente a minha vida", diz, hoje, a caixa de supermercado que leva uma vida bem simples no Jardim Primavera, bairro isolado do município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.

Uma vida que nunca foi muito fácil para Marielza, caçula de uma família de nove filhos que veio de Itabuna, interior da Bahia, direto para o município da Baixada Fluminense. Desde muito cedo, ela precisou trabalhar. Foi empregada doméstica, cobradora de ônibus, inspetora de colégio, balconista entre outras profissões que não precisasse de muitos requisitos. "Sempre tive que conciliar o trabalho com os estudos e por isso não tinha uma base educacional boa. Há pouco tempo, resolvi fazer o ensino médio para voltar a estudar, para me reciclar. Sonho agora fazer uma faculdade de Serviço Social", confessa.

Marielza ficou desempregada desde que saiu do programa. "Por incrível que pareça sofri preconceito. As pessoas achavam que eu poderia passar mal de uma hora para outra. Vivi de biscates, mas ano passado um amigo conseguiu uma vaga em uma rede de supermercados. Estou bem lá", conta ex-BBB, que leva aproximadamente duas horas e meia para ir e voltar do trabalho em Botafogo, zona sul do Rio.

Além do desejo de entrar para uma Universidade, ela tem outro sonho, esse, em sua opinião, mais complicado de se concretizar: ter uma casa própria. Marielza vive de favor em um imóvel de cinco cômodos que na verdade pertence à família do ex-marido. O medo de ser despejada a qualquer momento não é maior do que ver a residência, literalmente, no chão, já que o imóvel é tomado por infiltrações e rachaduras. "A cada chuva forte, a cada temporal, a casa vai ficando em situação pior. Tenho muito medo."

Mãe de Carolina, 26, e Vitor, 22, ela diz que não sabe o que seria da vida se os dois não ajudassem nas despesas. "O grosso mesmo das compras e das contas da casa ficam por conta deles. Ganho muito pouco, mas dá para ajudar na feira. Queria ganhar mais para começar a fazer uma poupança e comprar um terreno. Aos poucos, eu ia construindo o meu cantinho", revela uma Marielza bem articulada e realista, que já até mandou uma carta para o quadro "Lar Doce Lar", do Caldeirão do Huck. "Via ele reformando as casas, construindo outras de pessoas tão necessitadas como eu e aí ficava imaginando que poderia acontecer comigo também. Desisti com o tempo porque mandei há quatro anos um vídeo em forma de carta  e até hoje não recebi nenhum retorno. Quando não consigo alguma coisa, eu procuro tirá-la da cabeça para não sofrer. Desde pequena sou um pouco depressiva, fico logo de baixo astral", admite ela com um sorriso tímido.

Apesar de gostar de uma conversa, Marielza esconde certa timidez, principalmente quando alguém se aproxima e a identifica como uma ex-BBB. "Morro de vergonha. Às vezes, eu nego e até me arrependo, porque a pessoa vem certa de que eu sou aquela que saiu porque passou mal. Minha saída marcou, né?", pergunta já sabendo a resposta.

Tanto a saída, quanto a curta participação no reality show fazem parte de um passado que Marielza bem que gostaria de deixar lá atrás, mas não consegue. Passam como se fossem um filme. A primeira ligação para a produção do BBB que não completou, uma segunda tentativa, com a certeza de que algo na sua vida iria mudar, e a entrada na casa. "Foi tudo muito rápido, tudo ao mesmo tempo tipo surpresa, deslumbramento, medo e insegurança. Na época, o médico disse que essa mistura de sentimentos pode ter sido a principal causa do meu AVC, mas eu já sofria problemas de pressão", explica Marielza que foi a BBB mais velha daquela edição: 47 anos.

Os noves dias são lembrados como se fossem flashes. "Me lembro das gargalhadas daquele grupo maior da casa que já estava se formando. Engraçado que lá dentro você não percebe muitas coisas, mas eu já tive uma simpatia de cara com o Jean, a Grazi e a Pink", lembra Marielza que precisou ver depois as fitas para tentar se reconhecer "Entrei muito aloprada. Nunca fui de colocar apelido nas pessoas nem de brincar de forma exagerada. Fiquei besta", confidencia.

Apesar da distância e da falta de contato, ela lembra com carinho dos ex-participantes. "Os três mereceram tudo que conquistaram porque eles eram bons e até ingênuos. Jean e a Pink ainda ligavam para mim nas datas festivas como Natal e Ano Novo, mas eu perdi o número antigo. A Grazi nunca me ligou", comenta Marielza que garante não ter nenhuma mágoa. "A vida é muito corrida, os caminhos são outros, as realidades são distintas. Mesmo de longe eu torço por eles. Não ligo e nem procuro porque não quero que pensem que estou me aproximando por interesse", afirma.

Sobre o formato atual do reality show, Marielza tem a sua opinião. "Virou um jogo mesmo. Não que antes não fosse. Desde o primeiro, todo mundo está ali pelo prêmio final, mas hoje tem aquela coisa de se promover, têm os outros prêmios e até mesmo a possibilidade para alguns de transformar a condição de ex-bbb em uma carreira", observa a baiana, que não segura a gargalhada ao explicar a sua teoria para o fato de não ser chamada para nada e nem ganhar um trocado como ex-participante. "Quem vai chamar para um evento ou para uma campanha publicitária uma mulher ruim de saúde, velha e pobre? Só ganham dinheiro essas meninas novinhas com tudo em cima ou esses meninos saradões."

Reprodução Cidade News Itaú

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