Ao assumir a seleção brasileira, o técnico Luiz Felipe Scolari, o Felipão, adotou a estratégia de enfrentar adversários fortes para forjar um time acostumado a dificuldades. Mas foi preciso que pegasse um legítimo "Bambala" - como o treinador chamava equipes fracas - para que ele conquistasse sua primeira vitória pelo time nacional, após três partidas contra times grandes. Seu triunfo ocorreu em goleada (4 a 0) diante de uma Bolívia completamente exposta na defesa, quase inofensiva no ataque e sem contar com a vantagem da altitude - o jogo foi em Santa Cruz de La Sierra.
O amistoso só foi marcado como forma de homenagem para o torcedor Kevin Espada, morto aos 14 anos no jogo entre Corinthians e San José, pela Libertadores. Fora do calendário da Fifa, só era permitida a presença de jogadores que atuam no Brasil. Ou seja, o time entrou em campo com dez atletas que não vinham sendo titulares com Felipão mais Neymar. Paulinho, que também já figurou no time principal, esteve machucado nas últimas partidas, e Ronaldinho ficou fora daqueles jogos por decisão do técnico.
Mesmo assim, o Brasil não teve dificuldades para se impor: foram cinco chances claras em apenas 15min. A primeira delas resultou na abertura do placar. Como um autêntico lateral, Jean fez a ultrapassagem, recebeu passe de Jádson e cruzou para Leandro Damião fazer o gol, aos 4min.
A partir daí, o jogo brasileiro foi centralizado por Ronaldinho, que distribuia passes, lançamentos e cruzamentos. Ele demonstrava eficiências nesses lances, mas seus companheiros não demonstravam a mesma pontaria na conclusão. Bola na trave, chutes em cima do goleiro ou por cima e anulação de um gol por impedimento salvaram os bolivianos temporariamente.
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Até que Ronaldinho acertou um belo passe para Neymar que tocou por cima do goleiro para aumentar o placar, aos 31min. Jadson, o outro armador da equipe, também encontrava espaço para jogar. Foi pela ponta direita que ele apareceu para fazer o cruzamento para Neymar marcar seu segundo gol, o terceiro do Brasil, aos 42min.
No intervalo, Felipão deixou claro que seu principal objetivo era a observação. "É um jogo que dá oportunidade para alguns que não tinham tido participação. Alguns corresponderam. É importante porque não tenho o grupo completo", afirmou o treinador à TV Globo.
Com esse objetivo, ele mudou o ataque, trocando Neymar e Damião por Oswaldo e Alexandre Pato. Se houve aprovados no primeiro tempo, o início da segunda etapa não foi tão promissor para quem estava em campo.
O Brasil tornou-se lento. Seu principal articulador, Ronaldinho, passou a lembrar mais seus tempos de Flamengo do que os bons jogos recentes pelo Atlético-MG. Antes, fazia lançamentos ou cruzamentos precisos. Depois, apelou a toques laterais.
A ponto de o time nacional perder tempo com um toque de bola na defesa para o grito de olé da torcida. A falta de disposição dos jogadores brasileiros foi tal que permitiu até à equipe poliviana, que teve quatro modificações no intervalo, avançar e chutar a gol. Mas faltava qualidade ao adversário para ameaçar de fato a seleção. Lance perigoso houve uma cabeçada de Marcelo Moreno, rente à trave.
Não adiantava Felipão gritar ao lado do campo: o time pouco se mexia. É certo também que um amistoso enfiado no calendário, por decisão política, é afetado pela proximidade de jogos das equipes brasileiras no meio de semana - São Paulo e Corinthians tiveram compromissos pela Libertadores -, o que gera desgaste nos jogadores.
Quem corria de fato, sozinho, era o atacante Osvaldo. Sua movimentação lhe rendeu algumas chances, mas nenhum gol. Pelo menos mostrou mais jogo que Pato, que, em sua volta, exibia apatia.
O treinador ainda colocou Leandro, Palmeiras, e Dória, Botafogo. Mas não foi o suficiente para levantar o ânimo da seleção. O palmeirense teve a sorte de receber uma bola, só, na frente do gol após passe de Osvaldo. E marcou o quarto gol aos 47min do segundo tempo.
Diante de um "Bambala", foi o suficiente para ganhar. Mas é preciso lembrar que a Bolívia é a penúltima colocada nas eliminatórias sul-americanas da Copa. Não dá para servir como teste do que a seleção enfrentará na Copa-2014, e sequer na Copa das Confederações.
Reprodução Cidade News Itaú
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