O delegado da Polícia Federal Adauto Gomes da Silva Júnior, condenado a sete anos e seis meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, por vazamento de informações sigilosas, também é suspeito de outros crimes, de acordo com a fundamentação feita na sentença da juíza Cíntia Menezes Brunetta. Em depoimento à Justiça, duas testemunhas, incluindo outro delegado da PF, apontaram suspeitas de homicídio e de participação em grupo de extermínio.
Na sentença da juíza, no processo de número 0001791-59.2011.4.05.8401, consta como uma das fundamentações que uma testemunha, indicada como delegado da Polícia Federal que participou da apuração administrativa da conduta do acusado, afirmou em Juízo, “que várias pessoas da cidade de Mossoró e de Natal/RN já possuíam desconfiança da existência de condutas desabonadoras, incluindo suspeitas de homicídio e de participar de um grupo de extermínio, que seria também composto por Policiais Militares”.
A testemunha “ainda asseverou que há suspeitas de que a família do réu pratica agiotagem, sendo que o acusado utilizaria da sua condição de Delegado para atingir concorrentes de seus familiares”. Tais informações fizeram com que equipes da Polícia Federal levantassem desconfiança da presença do delegado Adauto Gomes em reuniões sobre investigações.
Outras declarações de uma testemunha, agente da Polícia Federal, “também apontam que ADAUTO não mantinha uma conduta adequada para o cargo que exercia, tendo afirmado que, em operações anteriores, os alvos muitas vezes visitavam o gabinete do acusado, e se referiam a este como sendo o ‘meu Delegado’. Relatou ainda que outro alvo de investigação chegou a querer marcar almoço com o réu. Prosseguiu aduzindo que os contatos que ele viu eram feitos na Delegacia, mas havia indícios de que eles (o réu e os alvos de investigações) se encontravam fora”.
A condenação do delegado Adauto Gomes, na Justiça Federal em Mossoró, foi referente ao vazamento de informações durante a Operação Serra Negra, em ação movida pelo Ministério Público Federal. Ele teria informado a informou Karla Micaelly Fernandes da Silva, através de um telefonema, no dia 15 de março de 2010, que a Polícia Federal iria realizar uma ação com objetivo desbaratar uma quadrilha de traficantes de drogas da região de Mossoró.
Durante as investigações e com quebra de sigilo telefônico, descobriu-se que, cinco minutos depois, Karla Micaelly repassou a informação ao investigado Ikaro Mikael da Silva Jácome, que era um dos principais alvos da operação. No telefonema, ela disse que teria recebido as informações de um “amigo”. O tal amigo, de acordo com o inquérito, era o delegado Adauto.
Reprodução Cidade News Itaú via Portal BO
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