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segunda-feira, março 04, 2013

MP aponta policial aposentado como novo suspeito no caso Eliza



Às vésperas do julgamento do goleiro Bruno Fernandes, acusado de mandar matar a ex-amante Eliza Samúdio, um policial civil aposentado pode ser incluído na lista de envolvidos no crime. Esse novo personagem teria agido junto com os amigos do jogador, segundo informou o Ministério Público de Minas Gerais em reportagem exibida pelo Fantástico (Veja ao lado).
Bruno e a ex-mulher Dayanne Rodrigues vão a júri popular a partir de segunda-feira (4). Ele é acusado de mandar matar Eliza para não pagar pensão alimentícia ao filho, Bruninho. Dayanne responde pelo sequestro e cárcere privado do filho de Eliza com o goleiro. O julgamento acontece no Fórum de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O julgamento do Bola, que foi desmembrado, está marcado para o dia 22 de abril.
De acordo com o Ministério Público, o policial aposentado José Lauriano de Assis Filho, conhecido como Zezé, teria se encontrado com Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, no motel em Contagem (MG) onde estavam Eliza e o filho. As investigações apontam uma intensa troca de telefonemas entre os dois, antes e depois da morte da jovem.
A promotoria afirma que vai denunciar o policial. “O Ministério Público tem convicção da participação do Zezé. Ele pode ser responsabilizado pelo homicídio, pelo sequestro de Eliza e de sua criança e também pela ocultação do cadáver da moça”, afirmou o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro.
A hipótese de um encontro em um motel em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, surgiu após análise das antenas das quais as ligações entre Zezé e Macarrão se originavam. De acordo com o Ministério Público, entre o segundo dia do sequestro de Eliza e a noite do crime, houve 39 ligações.
Em determinado momento, os telefonemas são feitos com os homens a mais de 20 quilômetros de distância um do outro: Macarrão estaria no motel e Zezé na casa dele. Uma hora depois, os telefones usam a mesma antena, ou seja, estavam na mesma região.
"As antenas são claras, eles se conheciam. Eles se encontraram", afirmou o promotor.

O depoimento de uma funcionária do motel reforça a suspeita. Segundo ela, um homem moreno estacionou no pátio e subiu à suíte onde estariam Macarrão, Jorge Luiz Lisboa (primo do goleiro Bruno e adolescente na época do crime), Eliza e o filho dela. No depoimento, a mulher afirma que o homem ficou cerca de 40 minutos no local.
No domingo passado (24), Jorge Luiz Lisboa revelou que, enquanto Eliza e o filho eram mantidos sequestrados no motel em Contagem, Macarrão recebeu um telefonema. O fato teria acontecido cinco dias antes da morte da ex-amante de Bruno. Zezé é quem teria telefonado a Macarrão, segundo as investigações.
“O telefone dele tocou e, ai, ele pegou e falou assim: ô, Jorge, fique aqui que eu vou ter que sair rapidinho. Eu falei ‘normal’. Saiu, e eu peguei e fiquei. Foi uma coisa de maia hora, ele ficou lá para o lado de fora”, afirmou o primo de Bruno.
José Lauriano Ferreira foi procurado pela reportagem na casa onde mora, mas ele não estava. Por telefone, ele não quis comentar a investigação.
Mais um suspeito
Outro policial suspeito de envolvimento na morte de Eliza, segundo o Ministério Público, é Gilson Costa. O policial trabalhava com Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, para quem desempenhava funções administrativas. Entre o início do sequestro de Eliza e o dia das prisões dos suspeitos, Gilson e Bola trocaram ao menos 50 ligações. Ele foi acusado junto com Bola pela morte de dois homens em 2008.
Gilson Costa disse ao Fantástico que a troca de telefonemas entre ele e Bola ocorreu porque os dois têm propriedades próximas e, enquanto Gilson viajava a Ituiutaba, no interior de Minas Gerais, Marcos Aparecido dos Santos tomava conta da residência. “Tenho uma casa próximo de onde a casa dele era arrendada, e por eu estar viajando, eu sempre ligava pra ele para ele olhar para mim lá”, contou.
Costa também afirmou estar trabalhando fora de Belo Horizonte na época do desaparecimento de Eliza e nega o envolvimento no crime.
Os nomes de Zezé e Gilson já haviam sido identificados no início das investigações, mas só agora eles estão sendo formalmente ligados ao crime. De acordo com o promotor Henry Wagner, isso ocorreu devido à complexidade do caso. “Isso decorre do amadurecimento, mesmo do olhar que se lança sobre um caso tão complexo”, disse.
O advogado do goleiro Bruno, Lúcio Adolfo, reclamou da entrada de novos investigados ao caso, o que, segundo ele, atrapalha o processo. “Essa ideia de fazer essa investigação agora é para tumultuar o processo e para criar uma dúvida maior. O mais absurdo é que se pretende, se pretendia, que Bruno fosse levado a julgamento sem menor conhecimento dos jurados de uma investigação buscando novos autores”, afirmou.
Entenda o caso
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus foram pronunciados a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, com quem o jogador teve um filho. Para a Justiça, a ex-amante do jogador foi morta em 10 junho de 2010, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado. A certidão de óbito foi emitida por determinação judicial.
Em 24 de novembro de 2012, o amigo de Bruno, Luiz Henrique Romão – o Macarrão -, e a ex-namorada do goleiro, Fernanda Gomes de Castro foram condenados. Macarrão pegou 15 anos de prisão, sendo 12 anos em regime fechado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima) e mais três anos em regime aberto por sequestro e cárcere privado. Ele foi absolvido da acusação de ocultação de cadáver. Fernanda foi condenada a 5 anos de prisão em regime aberto pelo sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela.
Bruno responde por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. A Justiça havia atribuído as mesmas acusações a Sérgio Rosa Sales, assassinado em agosto de 2012. Dayanne Rodrigues, ex-mulher do jogador, responde em liberdade por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza.
Outro réu é o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, que também está preso, e vai responder no júri popular no dia 22 de abril por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. Wemerson Marques – o Coxinha -, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno em liberdade. Eles serão julgados em 15 de maio.  Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.

Reprodução Cidade News Itaú

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