Aos poucos, os médicos que estavam em greve há mais de dez meses estão retornando aos postos de trabalho. Isso porque os médicos servidores do Estado resolveram acatar a determinação da Justiça e acabaram com a greve da categoria que durava mais de dez meses. Além do fim da greve, a Justiça determinou que o Sindicato e o Governo do Estado realizem três rodadas de negociações, agora em março, para a discussão da pauta de reivindicação. A decisão previa que os médicos retornassem ao trabalho até esta quinta-feira (7), mas no Centro de Saúde Reprodutiva Professor Leide Morais, no Alecrim, onde o prejuízo com a paralisação foi maior, já que todos os 31 médicos da unidade aderiram ao movimento e suspenderam o atendimento por mais de dez meses, o retorno dos médicos só será realizado, em acordo com a direção do Centro, na próxima segunda-feira (11), quando será realizada uma semana dedicada à mulher.
A diretora do Centro de Saúde Reprodutiva, Débora Torquato, explicou que ontem foi realizada uma reunião com todos os médicos da unidade, junto com representantes do Sindicato dos Médicos e ficou acordado que o retorno do atendimento seria na próxima segunda-feira. “Precisávamos arrumar a casa para receber os médicos e a população, depois de tanto tempo parado. E chegamos ao entendimento que o atendimento será retornado na segunda, com uma semana dedicada às mulheres. O atendimento não será agendado, e sim demanda aberta”, afirmou a diretora.
O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN), Geraldo Ferreira disse que o fim da greve não significa o fim da luta pela melhoria da qualidade da saúde, da assistência à população e das condições de trabalho dos profissionais de saúde no Estado. Geraldo considerou a decisão judicial “sábia”, pois ao mesmo tempo que exigiu o fim da greve, determinou o retorno das negociações, que já haviam sido encerradas desde o início do ano.
“Agradeço sensibilizado aos que bravamente resistiram, enfrentaram perseguições, corte de ponto, corte de salário e até processos por defenderem a dignidade do nosso trabalho. Defendemos as bandeiras históricas de carreira médica, piso Fenam, mas também o fim de internamento em corredores, o abastecimento das unidades, exigimos leitos de internamento e de UTI, combatemos a terceirização e, sua irmã siamesa, a corrupção, impedimos fechamento de unidades, bloqueamos desativação de serviços, lutamos por dignidade no atendimento à população”, destacou Geraldo Ferreira.
O representante dos médicos conta que o movimento grevista também serviu para denunciar o Governo do Estado desde delegacia de polícias à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, pelo descaso e desrespeito aos direitos humanos dos pacientes e dos profissionais de saúde. “Alguns até pensam que a greve foi longa e nos desgastou. Talvez fisicamente, mas moralmente nada podia ser diferente. Nosso dever é denunciar, propor soluções, nos mobilizarmos, irmos à luta, como fizemos e combater o bom combate”, disse Geraldo Ferreira que se reúne hoje, em Brasília, com a Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, para denunciar as graves questões da saúde pública do Rio Grande do Norte.
A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) divulgou uma nota afirmando considerar a decisão da Justiça uma “medida protetiva dos direitos do usuário do Sistema único de Saúde (SUS)” e que está aberta para dialogar com os profissionais. No texto, a Sesap ainda citou que vem realizando melhorias de infraestrutura dos hospitais. Nos últimos sete meses, segundo o governo, já foram investidos mais de R$ 18 milhões em recursos do Tesouro estadual com a rede de urgência e emergência, incluindo obras em 12 hospitais. A assessoria de imprensa informou que o retorno dos profissionais às unidades de saúde será feita através de um entendimento com os gestores das unidades, mas que a partir da próxima segunda-feira, a Sesap fiscalizará esse retorno.
Os médicos da rede pública estadual de saúde do Rio Grande do Norte estavam em greve desde o dia 29 de abril do ano passado, ou seja, há mais de 10 (dez) meses. As reivindicações da categoria são a implantação do Piso Salarial Unificado da categoria médica, proposta que tramita no Congresso Nacional e prevê uma remuneração de mais de R$ 19 mil mensais, bem como melhores condições de trabalho.
A Procuradoria da União no Estado do Rio Grande do Norte, órgão da Advocacia-Geral da União (AGU) apurou que o movimento grevista estava impactando negativamente no atendimento médico da população potiguar quando, após oficiar os principais hospitais públicos estaduais com sede na Capital, recebeu dados alarmantes sobre a queda dos atendimentos médicos, principalmente no que diz respeito aos atendimentos de consultas, exames e cirurgias eletivas, já que os serviços de urgência e emergência continuaram funcionando.
A situação considerada mais grave foi a do Centro de Reabilitação Infantil e Adulto, onde o atendimento do segundo semestre de 2011 chegou a 74.081 pessoas atendidas e no segundo semestre de 2012 em pleno movimento grevista caiu para 10.457 pessoas atendidas, ou seja, uma redução de mais de 85% nos atendimentos no semestre.
Reprodução Cidade News Itaú
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