O paradoxo em que se transformou a carreira de Kaká ganhou novos tons no final de novembro, quando o presidente da CBF, José Maria Marin, decidiu demitir Mano Menezes do comando da seleção brasileira. A troca de treinador descarrilhou o que se desenhava como uma volta triunfal de um jogador cuja passagem pela equipe parecia ter se encerrado na Copa do Mundo de 2010.
Se Mano apostava em lampejos de genialidade e na influência de Kaká sobre público e mídia, deixando em segundo plano a falta de oportunidades encontrada no Real Madrid, Luiz Felipe Scolari não mostra ter o meia como prioridade em seu planejamento para a seleção.
Há 11 anos Kaká foi uma aposta de Felipão no grupo que foi à Copa do Mundo de 2002, ainda que o então jogador do São Paulo tenha atuado por apenas 20 minutos, na partida contra a Costa Rica na primeira fase. Hoje ele ainda não parece ter convencido o treinador de sua relevância. Na primeira convocação, sequer foi chamado – Scolari preferiu dar uma chance a um Ronaldinho que vinha e vem jogando com regularidade do Brasil.
A partida apagada do ex-barcelonista contra a Inglaterra e um princípio de ressurgimento de Kaká no Real Madrid levaram Felipão a incluir o melhor jogador do mundo de 2007 no grupo para os compromissos contra Itália e Rússia.
Kaká, no entanto, ficou no banco na partida de quinta-feira, entrando aos 17 do segundo tempo. Não pôs fogo no jogo, mas tem a seu favor o fato de que a seleção brasileiro passou a maior parte do jogo sob pressão dos italianos.
Contra a Rússia, na segunda-feira, é quase certo que Kaká será titular. Felipão não anuncia a volta do meia com alarde. "É uma possibilidade, mas ainda vou avaliar"", disse o técnico.
Não é a primeira vez que Kaká precisa recuperar seu espaço na seleção. Quando Dunga assumiu o time, em 2006, ele e Ronaldinho foram usados por Dunga como exemplos públicos da filosofia de coletividade exaltada pelo treinador.
Diferentemente de Ronaldinho, Kaká respondeu chamando a responsabilidade logo no primeiro jogo para o qual foi convocado, marcando um gol antológico contra a Argentina em Londres.
Só que a montanha agora é mais íngreme. Se está livre das lesões que ameaçaram sua carreira nos últimos anos, Kaká está oito anos mais velho e não conseguiu encontrar espaço propriamente no Real Madrid, desde que deixou o Milan, em junho de 2009. Deu mostras de sua utilidade dentro de campo na seleção nos amistosos contra Iraque, Japão e Colômbia, quando se encaixou bem no esquema sem centroavante testado por Mano e deixou Neymar relaxado também no entorno da seleção por conta da divisão de holofotes.
Um sinal de que o jogador não ficou muito feliz com a reserva diante da Itália foi ele ter deixado o Stade Geneve sem parar na zona mista. Contra uma Rússia que poderá estar fazendo um rodízio de jogadores por causa do adiamento de sua partida pelas eliminatórias europeias, Kaká precisará aproveitar a chance que receber.
Reprodução Cidade News Itaú
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