A história da irlandesa Joanne O'Riordan, de 16 anos, tem sido motivo de comoção em seu país já há muito tempo.
Quando ela era apenas um bebê, seus pais foram a um conhecido programa de televisão para falar sobre como a grave deficiência da filha – a garota não tem braços nem pernas – não havia abalado sua confiança de que ela teria um grande futuro.
Agora, Joanne tornou-se porta-voz da luta pelos direitos das pessoas com deficiência na Irlanda. A menina voltou a ganhar os holofotes da mídia quando postou um vídeo na internet – que se tornou viral – em que o atual primeiro-ministro irlandês, Enda Kenny, prometia a ela que não faria cortes nas ajudas financeiras e nos serviços oferecidos aos deficientes.
A questão é que o corte dessas ajudas foi justamente uma das primeiras medidas anunciadas por Kenny para lidar com a crise fiscal no país. Logo após o anúncio do pacote de cortes, Joanne não só publicou o vídeo na web como enviou uma carta ao jornal "Irish Examiner" expressando seu desapontamento.
A história repercutiu tão negativamente que o governo foi obrigado a voltar atrás na medida. Depois disso, Joanne foi convidada por programas de TV para contar sua história e falar sobre os direitos dos deficientes.
Com um discurso que a imprensa local descreveu como eloquente e cativante, e uma determinação notável e de grande senso de humor, a menina conquistou o público irlandês e causou um grande impacto nas mídias sociais.
"Pensava que o meu seria só mais um protesto varrido para debaixo do carpete", disse Joanne. "Coisa de um dia."
Vida com deficiência
Hoje, a adolescente frequenta uma pequena escola secundária, mas em 2014 irá para a universidade, onde quer estudar jornalismo.
Para a menina, o mais difícil de sua deficiência é o fato de que não pode fazer nada sozinha.
"Agora que estou ficando mais velha, às vezes quero arrumar o cabelo e fazer uma maquiagem. Outro dia, quando ia a uma festa, tive de esperar que minha irmã Gillian chegasse para me ajudar."
"Não posso simplesmente fazer minhas coisas, como me jogar no sofá com o controle remoto para ver TV."
Em abril de 2012, Joanne participou de um evento na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, em que falou sobre o papel da tecnologia em sua vida.
No fim do discurso, ela pediu aos especialistas que estavam na plateia para desenvolver um robô que lhe desse mais autonomia. Agora, técnicos ligados à empresa Apple e ao Massachussetts Institute of Technology (MIT) têm visitado a jovem irlandesa para entender melhor quais são suas necessidades.
Joanne usa tecnologia todos os dias. Ela opera seu celular e laptop com a boca, o nariz ou a parte de braço que tem. Segurando uma caneta com os lábios, a garota diz que pode escrever 36 palavras por minuto no teclado.
Em 2012, a menina ganhou o prêmio de Jovem Pessoa do Ano na Irlanda. E este ano, seu irmão, Steven, deve lançar um filme sobre ela. Steven já é um documentarista de sucesso na Irlanda, mas, cada vez mais, os moradores do país se referem a ele como "o irmão de Joanne".
"O documentário deve motivar quem o vê', diz a jovem. "As pessoas devem sair do cinema sentindo que podem subir o Everest. Steven quer ganhar o Oscar...mas eu só quero ser a nova Kim Kardashian", brinca.
Reprodução Cidade News Itaú
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