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sábado, março 16, 2013

‘Ele não queria ser escolhido’, diz irmã do Papa


Maria Elena Bergoglio, irmã do Papa Francisco
Assim que terminou o ensino secundário, Jorge Mario Bergoglio chamou a mãe para uma conversa. Disse a ela que gostaria de ser médico. Dona Regina Maria respirou aliviada, pois há tempos vinha insistindo com o garoto para que se afastasse da vida religiosa, evitando assim que seu filho fosse morar fora da Argentina, longe da família. A mãe, então, reservou um quarto junto ao terraço da casa para que ele pudesse estudar. Até que um dia decidiu bisbilhotar o material a que ele se dedicava dia e noite.
- Só tinha livros de Latim e de Teologia - contou nesta sexta-feira Maria Elena Bergoglio, 66 anos, a única irmã viva do Papa Francisco. - Minha mãe perguntou se ele não estava estudando Medicina, e Jorge respondeu: “Sim, mamãe, estou estudando Medicina da alma”.
Maria Elena vive em Ituzaingó, a cerca de uma hora e meia de Buenos Aires. Na casa simples de um bairro arborizado, ela atendeu a imprensa do mundo todo. Bem-humorada, reiterou o que vem dizendo desde que seu irmão foi escolhido para comandar a Igreja Católica.
- Ele não queria ser Papa. Da última vez que conversamos, um dia antes de ele viajar para o Vaticano, me disse que não queria ser escolhido. Nos despedimos com um “até a volta”. Tinha certeza de que ele voltaria para Buenos Aires - afirmou ela.
Maria Elena contou detalhes da infância e da juventude do irmão, lembrando sua paixão por futebol e tango.
- Sei que ele sempre ouviu muito tango, mas não sei se dança - brinca Maria Elena, mãe de dois filhos.
A família não esconde a surpresa com a escolha de Bergoglio. Tinham “certeza absoluta” que o cardeal brasileiro dom Odilo Scherer seria eleito.
- Quando disseram o nome do meu irmão, fiquei sem saber o que pensar. Até agora não processei - diz.
Quando criança, conta a irmã, Bergoglio gostava de aproveitar o tempo livre jogando futebol com os amigos da rua. A paixão do pai, Mario, pelo basquete não o atraiu para este esporte. Preferia mesmo era bater uma bolinha nas ruas de terra do bairro de Flores, em Buenos Aires.
Ao contrário da mãe, que tentou demover o filho da ideia de seguir a vida religiosa, o pai de Bergoglio era um incentivador para que o garoto entrasse num seminário.
- Papai ficou muito feliz quando ele virou um religioso, e a mamãe acabou apoiando a decisão porque tinha certeza de que ele estava feliz.
Sobre a suposta primeira paixão de Bergoglio, quando ele teria se declarado para a vizinha Amalia, Maria Elena disse que era muito pequena para acompanhar a vida do irmão. Mas assim que ela passou a ter namorados, o irmão, dez anos mais velho, nunca se intrometeu, garante:
- Quando eu comecei a namorar, ele já era mais velho, então nem se preocupava com isso.
Ela não pretende viajar a Roma para visitar o irmão no Vaticano. Prefere esperar uma visita dele a Buenos Aires (“onde ele é muito feliz”, ressalta).
- Ele nunca quis deixar Buenos Aires. Ama sua terra e adorava ficar em casa - diz, referindo-se ao pequeno apartamento de um quarto onde o cardeal vivia no segundo andar do prédio da Cúria Metropolitana, na Praça de Maio, centro de Buenos Aires.

Reprodução Cidade News Itaú

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