sábado, março 02, 2013

Colombiana afirma ter conversado com Jesus Cristo na Catedral Metropolitana de Natal


Ela confessa a soberba e a autoconfiança que sentia ao frequentar a Igreja como uma "católica genérica". Foto: Divulgação
Ela confessa a soberba e a autoconfiança que sentia ao frequentar a Igreja como uma “católica genérica”. Foto: Divulgação
Em 1995, um casal e o sobrinho caminhavam na Universidade de Bogotá, em direção ao Departamento de Odontologia, onde faziam especializações. Com uma imagem de Cristo feita de cristal de quartzo pendurada no peito, o jovem de 23 anos acompanhava, sobretudo, a tia, uma dentista em atividade. De uma hora para outra, uma forte tempestade cercou o trio. Com o passo acelerado, eles superavam uma poça d’água no instante em que um raio caiu. Só o marido foi salvo da explosão imediata. Com o coração queimado, após a descarga entrar por suas costas, o sobrinho teve morte instantânea. Estirada a seu lado, Glória Polo tinha o ventre, pernas, costelas e seios destroçados. A perícia diria depois que a energia foi atraída pelo cobre contido no Dispositivo Intrauterino (DIU) que usava como método contraceptivo.  Mas o mais surpreendente foi a versão que a mulher contou do episódio, ao anunciar um milagre.

Ela diz ter conversado com Deus e com familiares vivos e mortos, antes do espírito retornar ao corpo com uma missão: corrigir falhas no próprio caráter e levar sua história de fé e superação ao maior número de pessoas possível.

Quase duas décadas depois, a colombiana pisou no altar da Catedral Metropolitana de Natal, na manhã deste sábado (02) para dar seu testemunho a fiéis, que compareceram em bom número. Com tradução simultânea, a palestra é baseada no livro Da Ilusão à Verdade, conjunto de palavras que destaca o episódio transcendental. Acompanhada do padre Rodrigo Maria, de São Paulo, Glória fará um périplo por cidades nordestinas – além da capital potiguar, o roteiro inclui Recife e Fortaleza. “O que a Glória diz serve, principalmente, para quem acha que é um grande católico, mas vive no comodismo, no pecado”, diz o pároco que trocou a maior metrópole da América do Sul por Ciudad Del Este, no Paraguai, nos últimos 15 meses. Oriunda de um país semelhante ao Brasil quanto à colonização e a situação da segurança pública, a dentista falou por 180 minutos sobre paz, amor e a redenção encontrada no “formosíssimo túnel branco de luz” que a encaminhou a Jesus.

Glória Polo teve morte clínica anunciada após ter sofrida descarga elétrica de raio. Foto: Wellington Rocha
Glória Polo teve morte clínica anunciada após ter sofrida descarga elétrica de raio. Foto: Wellington Rocha
Ainda na administração da Catedral, Glória conversou com a reportagem. Ela confessa a soberba e a autoconfiança que sentia ao frequentar a Igreja como uma “católica genérica”, mais preocupada em realizar sonhos financeiros que sustentar uma existência virtuosa. Aos 16 anos perdeu a virgindade e engravidou. O aborto foi a solução para extirpar uma criança indesejada. “Terminei como uma besta, destruindo um inocente que estava em meu ventre”. Em uma breve explanação, dados acerca da interrupção da gravidez são mencionados para justificar o arrependimento. “A mulher não nasceu para ser criminosa. 95% dos abortos decorrem de relações em que o homem usou preservativo”. No livro, vai além: “Cada vez que o sangue de um bebê se derrama é um holocausto a satanás e ele fica com mais e mais poder [...] quando aconteceu, vi que minha mãe tinha razão quando dizia que uma menina que perde a virgindade apaga-se [...] não sei porque é que dizem que o sexo é bom!”)”.

Daí em diante, a vaidade com o corpo (passava a tarde interia na academia), o distanciamento dos pais e o vazio juvenil ditaram seu cotidiano. No agora longínquo 1995, Glória, já casada, alega ter visto demônios que se jogavam no chão ao ver o Senhor passar, ter ido até o Purgatório e ver suicidas (“Todas aquelas pessoas que se suicidam saem da Ordem Divina”), abraçar o pai falecido cinco anos antes e o principal: ter conversado com Jesus sobre infidelidade, roubos, amor e bullying (ela gostava de menosprezar amigos gordos, feios e diferentes na escola). Útil e reconfortante para a maioria dos seres humanos, a religião era deixada de lado. O abandono de uma das formas mais intensas de manter a harmonia para quem vive em uma comunidade, lidar com fracassos pessoais e profissionais, entretanto, teria um preço – pago somente com o raio que transformaria sua vida.

“Buenos dias, hermanos!”. Com cinquenta minutos de atraso, Glória olhou de frente para os devotos. Cansada (desceu no aeroporto Augusto Severo às 03h30), mas empolgada com mais uma passagem pelo Brasil, perfaz as mudanças ocorridas desde aquele dia fatídico – a equipe médica chegou a anunciar a morte clínica. Ciente da sacralidade que vem dos céus, onde só os privilegiados têm vez, pois para o homem religioso o sobrenatural é indissociável do natural, a fato de ser carbonizada dispensa lamentos e ganha ares de presente divino, como se o respeito por fenômenos naturais fosse uma extensão dos castigos tão temidos. “Fui investigada por uma comissão de cientistas em meu país, por médiuns, e todos chegaram a conclusão de que foi um milagre”, diria com exclusividade a O Jornal de Hoje. Sentado ao lado do altar, padre Rodrigo Maria ressalta o uso que Jesus faz da natureza para emitir mensagens em tempos de descrença generalizada.

“O que Deus quer é despertar o povo para a Verdade do Evangelho. Os meios ordinários tem sido falhos. Por isso, de quando em quando, ela dá sinais estrondosos, como raios, luz, trovões, terremotos, maremotos, para fazer barulho a fim de chamar a atenção para a falta de fé. Temos que entender que a vida é curta, rápida como um raio. Devemos aproveitar o tempo em toda sua plenitude para alcançarmos a Salvação. Glória foi condenada naquele momento. Ela pecava muito. Mas sua Salvação veio no momento em que aceitou os Mandamentos e resolveu fugir do Inferno”, diz padre Rodrigo. Ao partir no voo em direção à capital cearense, na tarde deste sábado (02), Glória Polo terá a certeza de que plantou sementes no solo potiguar. Uma das ‘flores’ germinadas foi Íris Marroque, técnica de enfermagem que já tinha presenciado o testemunho em João Pessoa, durante um retiro espiritual. “Todo cristão deveria ver essa palestra. Ela me fez repensar minha vida todinha, em como tudo que fazemos é impensado, sem muita lógica, se não seguirmos os preceitos bíblicos”.

Reprodução Cidade News Itaú

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