Em um longo discurso na primeira edição do seminário que marca os 10 anos do PT na presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi econômico nos elogios ao partido. Na noite desta quinta-feira (28), em Fortaleza, Lula afirmou que não é possível mais imaginar o país sem a existência do PT.
"Se querem ver como PT é importante, imaginem esse país sem o partido. Hoje é impensável o Brasil sem o PT. E mais impensável ainda é o país sem essa experiência do nosso governo. E qual o milagre do nossos 10 anos? É que a nossa chegada trouxe tudo que a CUT [Central Única dos Trabalhadores] sonhou durante a vida inteira. O desejo reivindicatório dos trabalhadores foi cumprido. Quantos companheiros morreram e não viram o PT chegar ao governo", afirmou.
Os elogios ao partido não pararam por aí. Em um discurso de mais de uma hora de duração, sendo interrompido frequentemente por aplausos, o ex-presidente voltou a criticar a oposição e defendeu que a presidente Dilma Rousseff siga fazendo comparações com governos anteriores.
"Esses 10 anos fizeram surgir uma consciência politica, e nós temos o direito de não ter medo de enfrentar qualquer adversário. Por isso, eles ficavam sem dormir ao ouvir eu dizer que 'nunca na história desse país'. E eu dizia isso isso para o povo compreender. A Dilma tem que seguir fazendo comparações", disse.
Lula também comentou sobre corrupção e afirmou que, mesmo com as recentes condenações de integrantes do PT no mensalão, o partido não deve aceitar a "pecha" de corrupto. Para isso, ele conclamou aos líderes petistas presentes a lutar com a fama disseminada do partido.
"Nós não vamos permitir que ninguém jogue a pecha que eles carregaram a vida inteira no jeito de fazer política. Eu duvido, e peço para que vocês estudem, que tenha criado tantos instrumentos de combate a corrupção como o criei. Nós queremos uma reforma política, e eu mandei várias propostas como presidente. É só querer. Queria que quem pegasse dinheiro de empresa privada para campanha fosse preso por crime inafiançável", afirmou, complementando minutos depois: "Esse partido não foi feito para pessoas andarem de cabeça baixa. Quem andar, por favor, procure outro partido."
Revolução na América
O ex-presidente ainda disse que a vitória do PT foi o pontapé para uma mudança na América Latina. "A gente fez uma revolução não só aqui, mas na América Latina. Depois da gente vieram vitórias na Argentina, Nicarágua, Equador; acabamos com a Alca [Associação de Livre Comércio da América]. Hoje ninguém carrega mais faixa fora FMI [Fundo Monetário Internacional]. Ao contrário, cobramos o dinheiro que ele nos deve", disse Lula, sendo aplaudido em diversos momentos do discurso.
No Nordeste, Lula não deixou passar batido o tema seca, e fez elogios à "mudança de paradigma" das ações contra os efeitos das estiagens. "Veja a mudança: estamos tendo a seca mais profunda dos últimos 50 anos no Nordeste, e você não viu um saque. Há anos eles dizem que vão acabar com a seca, mas com a seca não acaba pois ela é da natureza. Temos que acabar com o problema da falta de água, e estamos acabando", afirmou.
Lula ainda fechou a palestra fazendo mais elogios ao partido e pedindo trabalho à militância para 2014. "Não existe no mundo um partido de esquerda que exerça tanta democracia como o PT. E quero dizer aqui a todos vocês que nós temos um plano, e vamos reeleger a presidente Dilma Rousseff", disse.
Ao fim do discurso, os petistas presentes cantaram um dos principais gritos que marcaram a trajetória do ex-presidente: "Lula, guerreiro do povo brasileiro".
O encontro contou com a presença das principais lideranças do partido no país, além de integrantes de outros partidos, como do governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que foi vaiado ao ser anunciado no evento.
Reprodução Cidade News Itaú
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