A fumaça que sai de uma caverna localizada no distrito de Brejinho, na zona rural de Assunção do Piauí (a 273 km de Teresina), pode trazer danos à saúde. Geógrafos da CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) concluíram estudo realizado em materiais coletados na "Caverna da Fumaça" e descobriram que as fendas exalam gases tóxicos que produzem fumaça ao entrar em combustão por causa do calor.
Segundo a pesquisa, a fumaça é proveniente de decomposição de materiais orgânicos e excrementos de animais –-morcegos e ratos--- que produzem os gases metano e sulfídrico, além de amônia. Os gases, segundo pesquisadores, causam danos à saúde.
"Devido à seca, com a baixa umidade do local e o calor, os materiais produziram gases que entraram em combustão natural, sem fogo porque não há água no local, e começou a sair fumaça da caverna", disse o geógrafo da CPRM Joaquim das Virgens Neto, descartando as suposições da comunidade de que a caverna poderia ser um vulcão iniciando erupção, jazida de petróleo ou de gás natural.
Os gases e a fumaça produzem no local uma cera amarelada e um tipo de óleo na cor marrom que ficam impregnados nas pedras. Segundo o geógrafo, os materiais são prejudiciais à saúde caso sejam manuseados sem proteção. "A inalação dos gases pode causar doenças sérias no pulmão. Não indicados que pessoas continuem entrando no local sem máscaras, mas as pessoas não têm consciência do risco que correm, não se contentam em observar o fenômeno de fora e entram na caverna."
Apesar de não saberem do que se trata os moradores e curiosos não têm medo e vivem visitando o local. O morador de Brejinho Genivaldo Bezerra, 35, é um dos que frequenta sempre o local para "dar uma espiada" na caverna. Enquanto a reportagem do UOL esteve na "Caverna da Fumaça" Bezerra entrou na fenda e saiu orgulhoso porque "não passou mal como os colegas". "Isso aqui parece óleo diesel", disse Bezerra, mostrando as mãos sujas do óleo que a fumaça deixa nas pedras.
Fenômeno cíclico
Após os estudos da CPRM, regional Teresina, os técnicos vão voltar nos próximos dias ao local para sugerir a prefeitura que divulgue a Caverna da Fumaça como roteiro turístico para gerar nova fonte renda em Assunção do Piauí.
"Conversamos com moradores antigos e eles nos relataram que em 1958 ocorreu o mesmo fenômeno na caverna. Como é cíclico vamos voltar ao local para estudar mais. Lá dentro há uma camada de 20cm de excremento de animais que entra em combustão. Em uma outra parte da caverna está cheia de cinzas. Vamos sugerir a prefeitura que use a Caverna da Fumaça como roteiro turístico para quem visita o Piauí", disse Virgens Neto. Ele afirmou que os visitantes do local têm de usar roupas e equipamentos de proteção para não se intoxicarem com os gases.
O UOL esteve no local, na última semana do mês de janeiro, e uma das pessoas da equipe subiu a Serra Grande descalça. A reportagem conferiu que à medida que as pessoas vão se aproximando da "Caverna da Fumaça" o chão vai esquentando e em cima das pedras fica insuportável pisar descalço. Os gases causam ardência nos olhos e coceira na pele.
O geógrafo afirmou que a temperatura da serra onde fica a Caverna da Fumaça vai aumentando de acordo com a escassez de terra. "Em baixo temos um areião e logo na subida os sedimentos vão acabando dai as pedras ficam expostas por consequência o chão mais quente. Os gases exalados causam irritação nos olhos e na pele", afirmou o geógrafo.
Reprodução Cidade News Itaú
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