Gracinhas como receita de miojo ou trecho do hino do time do coração na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) podem virar motivo de anulação da redação.
Essa é uma das propostas de aprimoramento do sistema que serão levadas pelo presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, à comissão que elabora o edital do próximo exame. O Inep é a autarquia federal responsável pela prova, que seleciona estudantes para instituições federais de ensino superior e serve para a certificação do ensino médio.
Nesta semana, duas redações ficaram famosas por esse tipo de gracinha -- um estudante inseriu o modo de fazer miojo e outro, o hino do Palmeiras na redação no Enem 2012.
Inserção indevida
Segundo o Inep, das mais de 4 milhões de redações corrigidas, apenas 300 apresentaram "inserções indevidas" -- ou seja, tinham um trecho sem conexão alguma com o restante do texto.
"Temos que separar o joio do trigo", afirmou Luiz Cláudio Costa ao UOL. Ele disse que vai levar a proposta à comissão que elabora o edital do Enem. "Em respeito ao participante sério. Se esses alunos quiseram testar o sistema, precisamos ser ainda mais rigorosos."
Atualmente, esse tipo de deslize é "altamente penalizado", mas não elimina o inscrito, não leva nota zero.
Segundo o presidente do Inep, o Enem é "um processo em aprimoramento" e, por isso, críticas à correção são bem-vindas e ajudam a enriquecer o debate técnico. O exame foi criado 1998 para diagnosticar a qualidade do ensino médio. A partir de 2009, passou a ser usado por instituições federais como prova de vestibular.
Novo patamar para 1.000
Uma nova discussão que pode ser levantada após a polêmica dos erros graves em redações com nota máxima é sobre como seriam os textos nota 1.000. O Jornal O Globo mostrou exemplos com erros de ortografia como "trousse" (em vez de trouxe) e "rasoável" (em vez de razoável).
Há uma corrente que defende a coerência do texto e articulações das ideias como prevalente sobre deslizes de ortografia e de gramática. Outro grupo considera que a nota máxima deva considerar a perfeição na grafia e na concordância.
"Acho a redação importante pois o cidadão deve saber articular suas ideias em um texto e apresentar soluções aos problemas", diz Luiz Cláudio Costa. Não há intenção alguma de o Inep retirar a redação da avaliação.
Reprodução Cidade News Itaú
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