Um dos amigos mais próximos de Emílio Santiago, o artista plástico Evandro Araújo Jr., de 57 anos, afirmou que o cantor sofria de arritmia cardíaca e que nos últimos tempos não estava se cuidando direito.
"Há mais ou menos dois anos, ele descobriu uma arritmia cardíaca. Ele começou a cuidar disso, mas relaxou. A partir daí, o que dizem é que foi a arritma que formou o AVC e levou ao óbito", contou, durante velório na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia.
Evandro ainda afirmou que na noite de terça-feira (19) Emílio teve uma trombose. "Ele viajava muito, relaxava. Não tomava remédio no horário certo. É complicada a vida de artista. Ele teve uma trombose ontem à noite e essas coisas foram pegando", explicou.
Amigos há 30 anos, Evandro recordou histórias com Emílio. "Quando se perde um amigo, é desesperador, enlouquecedor. E há 30 anos que somos amigos. Tínhamos o plano de envelhecer juntos. Se um ficasse viajando, o outro cuidaria, para não ficar com manias. A gente se sacaneava muito, debochávamos tudo com muito bom humor", conta.
"É um amor de amigo. É como amor de tesão, fica para a vida toda", conclui Evandro.
Morte
O corpo de Emílio Santiago chegou às 14h na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, após o traslado sofrer atraso. O caixão foi recebido com palmas, inclusive pelos fãs que aguardavam o início do velório. A atriz Marília Pêra e os cantores Marcos Valle, Nana Caymmi, Zélia Duncan e Elba Ramalho foram ao hall principal da Câmara para prestar as últimas homenagens.
A emoção tomou conta do saguão quando Alcione se aproximou do caixão. Chorando muito, a cantora teve que ser amparada por amigos. O mesmo aconteceu com o secretário pessoal de Emílio, Soca, que ajudou a segurar o caixão na chegada a Câmara.
Emílio não resistiu às complicações do quadro clínico de AVC (Acidente Vascular Cerebral) isquêmico -- quando falta circulação de sangue no cérebro -- e morreu às 6h30 no Hospital Samaritano, em Botafogo, na zona sul, onde estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) desde o dia 7 de março.
Trajetória
Nascido no Rio de Janeiro em 6 de dezembro de 1946, Emílio Santiago era formado em Direito, mas o vício em ouvir Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e João Gilberto em casa falou mais alto. Com o incentivo de amigos, participou de festivais e concursos musicais, chegando a se apresentar no programa "A Grande Chance", de Flávio Cavalcanti.
A voz marcante, que embalava de baladas a sambas cheios de swing, conquistou críticos e fãs e o primeiro LP, com seu nome, foi lançado em 1975, com canções de Ivan Lins, João Donato e Nelson Cavaquinho.
O sucesso chegou ao cantor de vez em 1988, ao lançar o disco "Aquarela Brasileira", primeira parte de um projeto de sete volumes, dedicado exclusivamente à música brasileira. A série de gravações ganhou uma versão ao vivo, "O Melhor das Aquarelas Ao Vivo", em 2005.
O último disco de Emílio Santiago foi "Só Danço Samba (Ao Vivo)", lançado em 2012, junto com um DVD. O cantor estava com quatro shows programados para o mês de março: dia 13 em Campinas (SP), dia 16 na quadra da Portela, no Rio, e nos dias 22 e 23 na capital paulista.
Sua última aparição ao vivo foi no programa "Encontro com Fátima Bernardes", no dia 4 de março, onde cantou um de seus maiores sucessos, "Saigon".
Reprodução Cidade News Itaú
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