O presidente do América-SE, Joaquim Feitosa, deu a sua versão sobre o problema ocorrido durante a partida contra o Confiança na última quarta-feira, quando dois de seus jogadores passaram fome e um deles até desmaiou. Ele admitiu que o problema de alimentação tem acontecido desde fevereiro, mas culpou a federação local, o patrocinador do Campeonato Sergipano (banco do Estado) e até a Prefeitura de Propiá, cidade localizada no interior do Sergipe onde fica a sede do clube, pela falta de repasse.
O zagueiro Thiago Arapiraca e o atacante Murilo sofreram com falta de comida na derrota por 3 a 0 do América-SE para o Confiança pelo campeonato local na última quarta-feira. Um chegou a desmaiar e outro passou mais de uma hora sem atendimento médico.
Em entrevista ao UOL Esporte, o dirigente do América-SE reclamou da proporção que deram ao caso. “Fizeram um escândalo em nível nacional, mas eu estou pouco me lixando. Aliás bote aí: estou adorando. A Federação, o prefeito de Propiá e o banco do Estado de Sergipe: só assim pude denunciar esses culpados. Porque nós estamos mantendo 30 homens da comissão com o salário em dia e eles não nos deram um real. Eles sim deveriam ser malhados”, desabafou.
Segundo Feitosa, as verbas a que o América-SE tinha direito e não recebeu desde o início do ano somadas, dão quase a quantia de R$ 50 mil, o que obrigou quatro dirigentes do clube sergipano a pagarem algumas despesas do próprio bolso para que o clube pudesse cumprir com seus vencimentos em dia. O gasto com a folha salarial gira em torno de R$ 17 mil por mês. Os atletas ganham entre R$ 700 e R$ 1200, contou os presidente. Por causa do pouco dinheiro em caixa, os jogadores têm três refeições por dia: café da manhã, almoço e lanche.
O dirigente do América-SE reclamou também da determinação da Federação Sergipana, que obrigou o clube a mandar suas partidas no município de Maruim, localizado a 62 km de Propiá. A ordem foi dada porque o estádio do clube não tem refletores.
“A Federação pegou o time da gente e botou para jogar em outra cidade, alegando que o campo está sem condição por causa do refletor. Mas a gente fica sem torcida. Tenho em média uma renda de R$ 7 a 8 mil com o jogo na nossa cidade. Aqui em Maruim, em vez de a gente receber, fica no prejuízo”.
Feitosa alega que a decisão da federação influi diretamente na questão da alimentação dos jogadores. Sem a verba adequada, o América-SE tem contado com a contribuição de alguns torcedores residentes em Propiá para pagar refeição aos jogadores.
“Os grandes não dão um real, mas os pobres ajudam muito”, contou o dirigente. “Bote aí: o Agnaldo, um feirante de rua pobre, vende frutas todos os dias. Quando acaba o serviço dele, o que sobrou, ele põe em um carrinho de mão e entrega aos jogadores”.
Antes de conversar com Joaquim Feitosa, a reportagem ouviu o presidente da Federação Sergipana, Carivaldo Souza. Os dois dirigentes são desafetos no estado. O mandatário da entidade alegou que iria investigar o caso da desnutrição dos atletas e que já havia tomado a primeira providência para aliviar os problemas do clube de Propiá. “Já mandei fazer uma feira de quase um mês para dar ao time”, explicou.
Souza alegou que o América-RN já recebe auxílio mensal da Federação Sergipana: “A federação ajuda o América, paga todas as despesas e dá R$ 3 mil reais por mês”, explicou o dirigente.
“Pode chamá-lo de mentiroso. Ele não paga nada pro América. Os R$ 3 mil a federação nos repassou em janeiro e fevereiro. É uma história mal contada”, rebateu Feitosa. “O que ele disse pra mim foi: as despesas que você ficar devendo para a federação nos jogos realizados em Maruim, eu não vou cobrar. Por isso ele diz que paga para o América”.
Sobre o ocorrido com o zagueiro Thiago Arapiraca e o atacante Murilo, os dois disseram se tratar de uma fatalidade. “Ontem [quarta] o supervisor teve que resolver um problema na Bahia e não estava lá. O preparador [físico] me ligou pedindo para resolver a questão da refeição às 17h, quando o time já estava estrada, e não consegui ir ao jogo porque estava advogando no fórum. Eles compraram no mercado R$ 30 em pães e fizeram um lanche. Dois jogadores se sentiram mal”, explicou o presidente do América-RN.
“Eles deixaram os jogadores para jantar após o jogo. Depois teve um problemazinho, mas os médicos atenderam e não teve mais problema nenhum”, minimizou o presidente da Federação Sergipana.
Reprodução Cidade News Itaú
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