Segundo a crença popular, quando chove no dia de São José a promessa de inverno para o ano é boa. Seguindo esse pensamento, muitos agricultores esperam ansiosos pelo dia 19, na próxima terça-feira, para iniciar o plantio. Esperançosos muitos deles começam a preparar a terra.
O presidente do Sindicato da Lavoura de Mossoró, Francisco Gomes de Melo, disse que os 1.400 agricultores cadastrados no programa para receber sementes estão com estas em mãos, porém não começaram o plantio esperando pelo início das chuvas.
"Os agricultores têm as sementes de feijão, milho e sorgo, mas não podem plantar, pois não têm água suficiente para regar o solo. Para começar o plantio é necessário que chova pelo menos 50 milímetros, coisa que ainda não aconteceu".
O agricultor Agenor Herculano disse que, se chover no dia de São José, os agricultores começam a plantar.
"A gente tem esperança que as chuvas venham a partir do dia 19, mas com esse clima instável não temos certeza se elas devem permanecer. Com a falta de água não dá pra fazer muita coisa, só esperar mesmo", diz o agricultor.
A dona de casa Maria Hilda disse que a situação só não está pior na zona rural porque alguns membros da família trabalham na cidade.
"Muitas famílias agora estão contando com os membros que desempenham alguma função na área urbana de Mossoró, manter-se com a agricultura não dá mais. Até as galinhas que eu tenho vou vender, pois não tenho dinheiro para comprar o milho", declara.
O meteorologista da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bistrot, informou que em uma primeira análise dados indicam que deve ocorrer chuvas no interior do Estado.
"Nos dias 18 e 19 há previsão de ocorrência de chuvas".
Falta de água e dificuldade de acesso ao crédito de emergência agravam a situação do homem do campo
Além da ausência de chuvas, o acesso restrito à água e às linhas de crédito emergencial em diversas comunidades rurais da região dificultam ainda mais a situação das pessoas que habitam esses locais. De acordo com o presidente do sindicato, Francisco Gomes, em algumas comunidades, como é o caso do Sítio do Meio, o carro-pipa vai apenas uma vez ao mês.
"O Sítio do Meio não é abastecido pela adutora ou dessalinizador, o que existem são cisternas de placa. Desta forma é preciso que sejam enviados carros-pipas ao local para manter as cisternas cheias. Porém o número de veículos fornecidos pelas autoridades ainda é insuficiente para abastecer de forma adequada toda a região".
É o que alerta o motorista de carro-pipa João Maria. Ele relatou que nos últimos meses a demanda tem crescido bastante, principalmente, na zona rural.
"Todo dia faço entrega de pelo menos 6 carros-pipas, mas antes esse número era o dobro. Agora as vendas diminuíram, porque a fila de abastecimento dos carros anda extensa. Para quem paga o serviço é caro, para a gente que fornece é pouco, pois temos despesas como manutenção do veículo, combustível, entre outros gastos".
A moradora da comunidade rural Barrinha disse que há mais de dois meses os moradores da região estão sem acesso à água. "A gente não produz, devido à seca, e ainda tem que tirar do pouco que ganha para pagar um carro-pipa. Os R$ 70 investidos em água poderiam estar sendo empregados em outras necessidades", avalia.
Outro obstáculo enfrentado pelos agricultores diz respeito ao acesso às linhas de crédito. Desde abril de 2012, mais de 50% dos trabalhadores rurais da região estão tendo dificuldade para conseguir a aprovação de seus projetos.
"Convoquei na terça-feira (12) uma reunião com as entidades locais para mostrar a atual situação do homem do campo e pedir que algumas medidas fossem tomadas para minimizar os efeitos da estiagem, uma delas seria agilizar a disponibilização das Declarações de Aptidão (DAP), documento possibilita a autorização a linha de crédito. De que adianta medidas emergenciais se não temos acesso a estas?", indaga o presidente.
Reprodução Cidade News Itaú
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