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quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Sem prova material, polícia fará exumação de pacientes mortos em UTI


A investigação que resultou na prisão de quatro médicos e uma enfermeira em Curitiba, acusados de provocar a morte de pacientes na UTI do Hospital Evangélico, ainda busca provas materiais para comprovar os supostos crimes.

Por isso, o próximos passo da polícia deve ser o pedido de exumação e autópsia de pacientes que morreram no local, para verificar se o uso de anestésicos, combinado com o desligamento ou a diminuição dos respiradores, provocou a morte dessas vítimas.

Até agora, a polícia fundamenta o inquérito em depoimentos de funcionários e ex-funcionários do hospital, além de escutas telefônicas.

Essas provas já resultaram no indiciamento da médica Virgínia Helena Soares de Souza, 56, por suspeita de homicídio qualificado. Ela nega todas as acusações.

No entanto, ainda não houve comprovação da materialidade dos supostos homicídios, como afirma o próprio Ministério Público, em parecer da sexta-feira obtido pela Folha.

O documento diz que os prontuários de cinco pacientes que morreram na UTI, já apreendidos, estão sob análise de técnicos da Promotoria. É sobre esses prontuários, todos de janeiro, que se centram as investigações da polícia. "[É] certo que a cabal comprovação da materialidade desses possíveis homicídios ainda não está definida", diz o documento.

Comprovar a materialidade do crime é o principal desafio da polícia a partir de agora, uma vez que as autópsias precisam provar que houve uso de medicamentos não relacionados no prontuário do paciente e que estes provocaram a sua morte.

Como o estado de saúde dessas pessoas, contudo, já era delicado, a prova material de que a morte foi intencional pode ser impossível de ser obtida. "Provavelmente, não haverá prova cabal", diz um médico consultado ontem pela Folha que pediu anonimato.

'LAUDO PERICIAL'

Ao determinar a prisão dos acusados, o juiz Pedro Sanson Corat, da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba, segundo documento obtido pela reportagem, diz que a comprovação da possível ação criminosa só pode ser feita com "respaldo de laudo pericial".

Ainda assim, a prisão dos suspeitos foi deferida para preservar a "ordem pública", cessando a possibilidade de que os supostos crimes continuassem a ocorrer na UTI, e possibilitar a coleta de provas, já que, com a prisão da médica, vários funcionários se apresentaram à polícia para depor.

O decreto de prisão também cita outras declarações da médica, como: "O próximo que vamos desligar é Fulano" e "Tem alguns doentes que estão mortos, então, vai desligando as coisas".

A próprio Ministério Público afirma, no parecer, que existem "fortes indícios" de autoria e destaca que os fatos apurados são "gravíssimos".


Reprodução Cidade News Itaú

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