O PT realiza na noite desta quarta-feira (20) um evento em comemoração aos dez anos de governo em hotel do parque Anhembi, zona norte de São Paulo. Organizado pela direção nacional do partido, o ato terá a presença da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de membros do Diretório Nacional e da Executiva do partido.
Em janeiro de 2003 o ex-presidente Lula chegou à Presidência da República, cargo no qual permaneceu por oito anos, até conseguir eleger sua sucessora --Dilma Rousseff, que foi empossada em 2011. O evento também vai comemorar os 33 anos do partido, fundado em 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, em São Paulo.
O cartaz do evento estampa os rostos de Lula e Dilma e a frase "o decênio que mudou o Brasil". No convite, o partido conclama para as "comemorações dos dez anos do Governo Democrático e Popular".
O ato petista acontece um dia depois de Dilma anunciar a inclusão de 2,5 milhões de beneficiários do Bolsa Família, programa criado no governo Lula. Para isso, o governo anunciou a elevação da renda doada para mais de R$ 70 por pessoa das famílias agraciadas com a renda – o valor é considerado limite para a pobreza absoluta.
A erradicação da pobreza extrema é uma promessa eleitoral de Dilma. Os recursos para o aumento dos beneficiários somarão R$ 733 milhões aos cofres públicos.
"O Brasil vira uma página decisiva na longa história, na nossa longa história de exclusão social. Nela está escrito que mais 2,5 milhões brasileiros estão deixando a extrema pobreza", afirma a presidente Dilma Rousseff durante a cerimônia de anúncio da nova medida. "Por não termos abandonado o nosso povo, a miséria está nos abandonando.", disse Dilma durante o pronunciamento em Brasília.
FHC diz que PT faz ‘picuinha’
As declarações de Dilma irritaram a oposição, em especial os tucanos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso gravou um vídeo no qual declarou que o PT faz "coisa de criança" e "picuinha" ao criticar governos passados. Em trecho do vídeo, FHC diz que "Eles pensam que o Brasil começou agora. Não começou. No meu governo, eu mudei o rumo do Brasil, que estava muito desorganizado".
" Mas eu sei reconhecer o que no passado se fez de bom no Brasil. E cada vez que o PT acerta, meu Deus, é bom para o Brasil. O mal é quando ele erra. Quando atrapalha a Petrobras, atrapalha a Eletrobras", critica.
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) também criticou, no plenário do Senado, em Brasília, o discurso da presidente Dilma Rousseff sobre a redução da pobreza no Brasil.
"Hoje, parece que voltamos às estatísticas anteriores à chegada do governo do presidente Lula. A presidente afirmou que Lula tirou 36 milhões [da linha de extrema pobreza], e agora ela (...) deseja ir além, quer encontrar mais 2,5 milhões, que somados aos 19,5 milhões que ela mesma teria retirado da pobreza dá 58 milhões de pessoas que se encontrariam, segundo as diferentes versões do PT, em condições de extrema pobreza", afirmou o senador paulista.
O líder do DEM no Senado, Agripino Maia (RN), advertiu sobre a possibilidade de os programas assistenciais do governo federal resultarem em acomodação da população que poderia se "habituar a receber favores do governo".
A rápida artilharia oposicionista pode estar só começando, já que o PT pretende alinhar um discurso de confronto entre as gestões petista e tucana nas próximas reuniões de lideranças.
O evento desta quarta abrirá uma série de debates sobre a gestão petista que deverão passar pelas demais regiões do país. Paulo Frateschi, secretário nacional de organização do PT, explica que o objetivo dos seminários é "construir uma narrativa própria do PT juntamente com seus militantes, sobre a chegada à Presidência da República e as mudanças desempenhadas durante estes 10 anos".
Mas discussões sobre o mensalão --denúncia de compra de parlamentares durante o governo Lula – estão fora de questão, segundo o presidente da sigla, Rui Falcão. Para ele, o momento é para "celebrar políticas públicas".
Reprodução Cidade News Itaú
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