A Polícia Civil indiciou nesta quarta-feira (27) o padre Emilson Soares Corrêa, de 56 anos, afastado da Igreja Católica, por estupro de vulnerável de duas irmãs em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Uma delas teria 7 anos quando o caso ocorreu, há três anos. A outra irmã, atualmente com 19 anos, disse ter feito sexo oral com o padre quando tinha 13 anos.
O pai das meninas, o técnico em refrigeração Ubiratan Homsi, foi indiciado nesta manhã pelo crime de extorsão. Segundo a delegada Marta Dominguez, da Delegacia Especial de Apoio à Mulher (Deam) de Niterói, testemunhas do padre e a mãe da jovem de 19 anos confirmaram em depoimento que o pai tentou obter vantagens financeiras ao mostrar ao padre o vídeo em que o religioso aparece fazendo sexo com uma menor de 15 anos.
A delegada disse ainda que, até o começo desta tarde, as investigações não apontavam para crime de exploração sexual.
"A extorsão foi confirmada por testemunhas do padre e pela própria mãe da jovem de 19 anos. Ela contou que depois de gravar o vídeo do padre fazendo sexo com uma menor, Homsi chamou o padre para mostrar a gravação. Segundo ela, o pai disse 'agora que ajudou na reforma da casa, dê uma casa para ela'. A mãe contou ainda que disse que ele ainda fez uma ameaça velada ao padre dizendo: 'o ex-namorado dela, o Galo, quando sair da prisão, quando souber disso vai matá-la'", contou a delegada, acrescentando que o pai faz uma grave ameaça ao padre ao exigir uma compensação para não divulgar as imagens.
O caso de abuso sexual vem sendo investigado desde novembro de 2012, quando Homsi procurou a delegacia para denunciar que o padre havia acariciado as partes íntimas de sua filha, hoje com 10 anos, durante um passeio, há três anos. A menina foi submetida a exames de corpo de delito, que provaram que ela não foi desvirginada. Já a irmã mais velha, atualmente com 19 anos, inicialmente contou que mantinha relações com o padre desde os 15 anos. Depois reviu o depoimento e afirmou que fazia sexo oral com o religioso aos 13 anos de idade.
A delegada já ouviu a menor que aparece no vídeo onde aparece fazendo sexo com o padre. Homsi entregou na terça o vídeo à delegada. Marta Dominguez disse ainda que até o momento não surgiu nenhuma outra denúncia contra o padre Emilson.
Tanto o padre, indiciado pelo estupro de vulnerável das duas irmãs, quanto o pai das meninas, indiciado por extorsão, vão responder pelos crimes em liberdade.
Jovem confessou relacionamento com o padre
A jovem de 19 anos confessou à família que mantinha relações com o padre e, após a confissão, ela foi orientada pelo pai a gravar um vídeo do encontro com o padre. A menina então, teria chamado uma amiga de 15 anos, que topou gravar o vídeo. É esta menina que aparece nas imagens em relações sexuais com o padre. A partir de 14 anos, quando não há violência e o sexo é consensual, não configura crime, como esclareceu a delegada Marta Dominguez, da Deam de Niterói.
O padre, que era responsável pela paróquia da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no bairro do Cubango, teria sido flagrado fazendo sexo com a adolescente na casa paroquial, mas, segundo a polícia, o vídeo não foi entregue à delegada Marta Dominguez.
"Em depoimento, a jovem disse que às vezes se encontrava com o padre na sua própria casa e, outras vezes, na casa paroquial. Ainda não tivemos acesso ao vídeo. Vou dar um prazo de 48 horas para que o pai traga a gravação. Se ele não trouxer, vai responder por desobediência", disse a delegada.
Em entrevista à Rádio Globo, o pai das vítimas, Ubiratan Homsi, confirmou a existência do vídeo, gravado por ordem dele. "Esse vídeo é uma prova da pouca vergonha." A jovem que aparece fazendo sexo com o padre não é a filha dele.
Emilson Soares confessou ter mantido relações sexuais com a irmã mais velha, mas apenas quando ela completou 18 anos, em 2012. O padre disse ainda que foi chantageado depois que o vídeo foi gravado. Segundo Emilson, o pai pediu dinheiro e uma casa para não divulgar as imagens. Ele não concordou e fez uma petição ao Ministério Público, em novembro de 2012, relatando o ocorrido.
O advogado Roberto Vitagliano, que defende o padre, diz que o religioso admite ter tido um relacionamento com a jovem de 19 anos, somente em 2012, quando ela já era maior. O padre nega ter abusado da irmã dela, hoje com 10 anos.
"Ele é juridicamente inocente, não cometeu crime algum. A criança foi manipulada pelo pai. Ele assume a responsabilidade de seu ato com a maior, tanto que tomou a iniciativa de ir ao Ministerio Público. Ele foi afastado de suas funções e vai responder por isso perante a Igreja. A Bíblia mesmo diz que a carne é fraca. Ele cometeu um erro e se responsabiliza por isso, mas não cometeu crime algum. Sua postura vai ser julgada pela Igreja. O crime de estupro de vulnerável não tem qualquer fundamento", disse o advogado, destacando que o padre é uma pessoa simples e que está muito abalado.
A Arquidiocese de Niterói informou, por meio de nota, que está apurando o caso e que o padre Emilson Soares Corrêa foi suspenso temporariamente de suas funções. A entidade garantiu que o indiciado não é responsável por nenhuma paróquia. O padre disse estar afastado desde 23 de novembro de 2012, quando deu entrada no Ministério Público, segundo ele quando passou a ser ameaçado pelo pai das meninas.
Reprodução Cidade News Itaú
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