Meteorologistas do sul do Brasil afirmam que o meteoro que deixou mais de mil feridos na Rússia na última sexta-feira (15) não cruzou o nosso céu na tarde daquele dia. O coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal da Alagoas, Humberto Barbosa, admite o erro. A informação foi publicada em matéria do UOL no sábado (16).
Segundo a primeira análise do pesquisador, com base em imagem feita pelo satélite europeu Meteosat-9, um feixe de luz sobre a divisa entre os Estados do Mato Grosso e Tocantins seria o meteoro. Para o meteorologista Luiz Fernando Nachtigall, da empresa de meteorologia MetSul, "a causa do brilho na sequência de imagens carece ainda de explicação, mas não dá sinais de ser meteoro".
Nachtigall se baseia nas demais imagens feitas pelo satélite entre as 17h e as 19h da quinta-feira, 14. Em um intervalo de duas horas, o rastro de luz se movimentou algumas centenas de quilômetros, primeiro sobre o Tocantins e depois sobre o Mato Grosso, até desaparecer na fronteira com a Bolívia.
"A imagem [registrada por satélite] é do fim da tarde no Brasil. Ocorre que o meteoro ingressou na atmosfera, de acordo com a NASA, às 3h20min26seg UTC [Tempo Universal Coordenado, em inglês Coordinated Universal Time], ou 1h20min26seg do dia 15 no Brasil."
O meteorologista questiona também a velocidade do suposto meteoro registrado nas imagens. "A velocidade de deslocamento é bastante baixa para um meteoro, e o seu sentido Nordeste-Sudoeste, estranho. Era de mais de 50 mil km/h e seu ângulo de entrada muito baixo. Se a entrada na atmosfera durou 32 segundos, como ele poderia ter passado aqui pelo Brasil e ainda por cima tantas horas antes", questiona Nachtigall.
Procurado pelo UOL nesta quarta-feira (20), o coordenador do Lapis admite que houve um equívoco na interpretação da imagem. "A imagem divulgada do Brasil realmente não está correta. Ninguém pode garantir que o meteorito cruzou o céu brasileiro usando aquela imagem Meteosat", disse.
Segundo Humberto Barbosa, o efeito visto na imagem ocorreu "devido a reflexão solar." "Isso deu a aparência de meteorito. Devido ao horário, achei que o ruído na imagem fosse a passagem do meteorito. Mas não era", assume.
Reprodução Cidade News Itaú
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