Cerca de 150 mil pessoas estiveram nesta quarta-feira (27) na Praça de São Pedro, no Vaticano, para assistir à última audiência pública do Papa Bento XVI. Entre elas, muitos brasileiros.
"Para nós é algo único. Não acredito que estou aqui. Papa é sempre Papa", disse a hostess Carolina Bertrand, de 28 anos, que mora em Roma há 5.
Ela conta que seu pai vai passar nesta quarta por uma angioplastia e, do hospital, ligou para ela para pedir que fosse ver a audiência. "Mais de 20 pessoas pediram que eu viesse aqui e representasse todos. Cheguei a ter arrepios", disse. "Estou muito emocionada, vim em nome de toda a minha família".
Apesar de o local abrigar uma multidão, que ouviu o Papa dizer, em sua mensagem, que seu pontificado teve momentos de "águas agitadas", o clima era de tranqulidade e respeito -- houve silêncio durante a fala de XVI.
"Esta atitude da renúncia foi, sem dúvida, um ato de grande humildade, coragem e liberdade diante de Deus", opinou Cecília Berno, que é religiosa e trabalha numa congregação em Roma há 8 anos. "Renunciar ao poder não é fácil. Ele deu uma lição de vida", disse.
Cecília levou uma bandeira do Brasil, que agitava. "[O discurso] foi muito feliz. Ele falou desde a missão do Papa, que a Igreja não é dele, e sim de um corpo vivo, que está em todo mundo".
Outra que levou uma bandeira foi Izabel Peterle Modolo, de 47 anos. Ela está passando férias em Roma. Izabel mora em Verona, mas prepara-se para voltar ao Brasil no dia 18. “Acompanhei os últimos eventos do Papa, a missa da quarta-feira de Cinzas, os últimos Ângelus", disse ela.
"Hoje era impossível não vir, foi uma oportunidade única, um momento histórico. Você vê a história acontecendo ao vivo, diante de você”, afirmou. “Eu gostaria de estar aqui quando ocorrer o conclave, e que o eleito seja um Papa brasileiro”.
O seminarista Rodrigo Paiva dos Reis, de 26 anos, também foi à Praça de São Pedro. "Foi uma graça de Deus poder participar deste evento num momento histórico para todos nós", disse ele. "Houve muita movimentação nos últimos dias, muitas universidades cancelaram aulas, tem muita gente de fora", contou Rodrgio, que mora em Roma há 8 anos e afirma que sempre participa das cerimônias.
Já o casal amazonense Divanílson e Geórgia Cavalcanti, de 42 e 34 anos, mudou o roteiro de suas férias de última hora e atravessou quase metade do território da Itália para estar em Roma nesta quarta.
Os dois estavam em Milão, e deveriam, segundo o roteiro programado, seguir para Veneza. Mas durante a madrugada decidiram pegar um trem para chegar cedo a Roma, participaram da audiência e seguiriam logo em seguida para Veneza, novamente de trem.
“Sacrificamos um dia de Veneza, mas valeu a pena. Somos católicos praticantes, e foi emocionante. A gente sentiu a esperança, e um clima de união do povo católico do mundo inteiro, desejando que o conclave seja abençoado”, disse Geórgia. “Ele [Bento XVI] fez um discurso nobre, justo, de um homem muito ligado a Deus. Só alguém assim poderia se despir de tanto poder.”
Patrícia Cintra, 31 anos, mora na Itália há um ano (acompanha o marido, que veio trabalhar). Está grávida de 4 meses, é de Fortaleza.
“Foi um discurso emocionante", disse Patrícia Cintra, de 31 anos, que mora na Itália há 1. "Dava para ver que ele estava muito emocionado, sentimos que ele está triste com todas as críticas que as pessoas estão fazendo. Penso que apesar de que possa haver política envolvida também, se ele ocupou esse cargo, foi porque é a vontade de Deus. Ele foi um Papa muito bom, e espero que o próximo também o seja. Foi um privilégio poder estar aqui nesse momento, e receber a benção dele", afirmou.
Nicole Torres, de Fortaleza, passa férias na casa de Patrícia e também foi à audiência.
“Ele tem recebido muitas críticas, falaram que não era para se demitir, que tinha que ficar até o último suspiro. Para mim, o Papa conseguiu mostrar que é humano, que tem as limitações, e que foi mais forte que todos, porque soube falar que não estava mais aguentando. Ele estava muito emocionado, e acabou emocionado todos”
Para Maria Madalena Inácio, de 65 anos, o que marcou a cerimônia foi a emoção. “Estou muito emocionada. Essa praça está sempre cheia nos últimos dias, todos emocionados, correndo para estar aqui", disse ela, que é empregada doméstica e mora na Itália há 27 anos.
"Hoje se viu que ele estava abatido, e no seu discurso, de um jeito quase simples, se via que ele estava sentindo a emoção de todos os fiéis.”
Reprodução Cidade News Itaú
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