O que o pastor Silas Malafaia tem em comum com Renan Calheiros, o "Veta, Dilma!" (contra o novo Código Florestal) e os índios guarani-caiová?
O líder evangélico também virou tema de um abaixo-assinado na Avaaz.org, como as listadas acima. E, por conta dele, está sendo investigado pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro.
A turma da internet se voltou contra Malafaia, líder evangélico há três décadas, após sua participação no programa "De Frente com Gabi" (SBT), da jornalista Marília Gabriela.
A Avaaz.org é uma organização de ativistas criada em 2007 que faz mobilizações sociais através da internet. A palavra Avaaz significa "voz" nos idiomas hindi e persa e "som" em urdu (dialeto paquistanês).
Na entrevista, ele atacou o que chama de "ativismo gay" e se disse contra a adoção de crianças por casais homossexuais usando argumentos como "eu não acredito que dois homens possam desenvolver um ser humano ou criar uma criança perfeita no sentido total".
Também foi mencionada, no programa, sua formação de psicólogo. Uma petição lançada no dia 8 no Avaaz pede, portanto, a cassação do registro de profissional de Silas Malafaia pelo Conselho Regional de Psicologia carioca.
Os autores da proposta contra Malafaia se baseiam em artigo instituído em 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia, que proíbe emitir opiniões públicas e tratar a homossexualidade como um transtorno.
A Folha apurou que há um processo que corre em sigilo para investigar o caso no conselho carioca de psicólogos.
Nada tem valor legal no site, mas as assinaturas colhidas na internet viram justamente um termômetro do clamor social --vide o pedido pelo impeachment do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Qualquer pessoa pode cadastrar um abaixo-assinado.
Houve, inclusive, réplica: também no Avaaz, criou-se uma campanha a favor da "não cassação" do registro do psicólogo-pastor.
Mas o abaixo-assinado que beneficia Malafaia foi retirado do ar (quando a campanha a seu favor tinha 65 mil assinaturas, e a contrária ao religioso registrava 55 mil adesões).
Para o pastor, foi "coisa de safado antidemocrático".
Pedro Abramovay, ex-secretário nacional de Justiça e um dos responsáveis pelo Avaaz, confirma a exclusão do abaixo-assinado pró-Malafaia.
"Mais de 77% da nossa comunidade votou para remover esta petição, e estamos muito orgulhosos dessa decisão democrática para rejeitar este tipo de lobby para continuar práticas homofóbicas", diz.
O Conselho de Psicologia carioca diz que não se manifestará sobre o assunto. Informa, no entanto, via assessoria de imprensa, que "está preparando nota pública para falar sobre o tema 'psicologia laica'. A ideia é não pessoalizar Silas Malafaia, mas se posicionar sobre o tema da psicologia e religião".
DOUTOR SILAS
Malafaia se formou em psicologia pela faculdade particular Gama Filho, no Rio, em 2006.
Diz que chegou a praticar a profissão no começo, numa clínica particular. Atendia a "evangélicos que se identificavam com ele".
Mas preferiu "não misturar as coisas" e passou a se dedicar apenas à vocação religiosa.
Reprodução Cidade News Itaú
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