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terça-feira, janeiro 29, 2013

Seca em Mossoró: Agricultores lutam para salvar animais


O cenário na zona rural de Mossoró há tempo não ilustrava tão bem o sertão nordestino. O sol quente, o chão rachado, as árvores secas sem folhas, os animais famintos e a cara de desespero do homem do campo denunciam que há um bom período não chove por essas bandas.

A seca pela quase total falta de chuvas no ano passado já vitimou muitos animais, que morreram de fome, e causou prejuízo a praticamente todos os pequenos agricultores, seja pela morte de uma vaca leiteira ou pela venda, a um preço bem inferior ao de mercado, de cabras, galinhas, entre outros bichos. “Estamos vendendo alguns, praticamente dando, para salvar outros”, relata o agricultor Antônio Florêncio.

No Assentamento Maracanaú, o agricultor Antônio Luis Xavier vem acompanhando a redução da sua criação. Ele diz que contava com um bom número de vacas, ovelhas e cabras, mas a seca já levou boa parte do rebanho. “Muitos morreram, outros eu vendi a um preço bem abaixo”, relata.

Atualmente, seu Antônio conta apenas oito cabeças de gado, pelas quais recebeu uma proposta “indecente”. “Um comprador me ofereceu R$ 2 mil por tudo, quando o preço normal de uma cabeça gira em torno de R$ 450,00, mesmo o animal estando magro”,

O problema da oferta de água poderia ser solucionado ou, pelo menos, amenizado, se a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) fizesse a ligação da rede de abastecimento já existente à adutora Jerônimo Rosado.

Seu Antônio relata que há tempo aguarda a Caern, mas, por enquanto, o serviço ficou só na promessa. “O triste é que a rede já está instalada, o encanamento para as casas também já está feito, faltando apenas a ligação com a adutora”, denuncia.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura de Mossoró, Francisco Gomes, conta que já tentou, por várias vezes, que o serviço fosse feito. O sindicalista adianta que vai tentar negociar mais uma vez com a Caern e, caso não tenha sucesso, vai mover uma ação na Justiça para que a água seja ligada. “Essa é uma situação que não dá para aceitar. Temos a água passando aqui bem pertinho, mas os animais estão morrendo de fome porque não há pasto”, argumenta Francisco.

A reclamação faz sentido, pois algumas centenas de metros depois as localidades de Cordão de Sombra I e II são atendidas pela adutora.

Enquanto a água não chega às torneiras, o jeito é torcer pelos céus, embora a confiança não seja tanta. “Estou torcendo para estar errado, mas se chover neste ano vai ser só depois de março”, opina o agricultor, baseando-se em sua experiência com a natureza.

A reportagem tentou falar com o gerente regional da Caern em Mossoró, Nehilton Barreto, mas não conseguiu.

Reprodução Cidade News Itaú

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