Funcionários da Caixa do Rio Grande do Norte estão atentos com relação a riscos de sequestros por parte de quadrilhas organizadas, especializadas em roubo a bancos. O alerta sobre possíveis ataques aos servidores da Caixa foi repassada esta semana pelo setor de inteligência da Polícia Federal, responsável pelo monitoramento das instituições bancárias do Estado.
Em Mossoró, o alerta foi repassado diretamente ao gerente da Caixa, Francisco Aldemir, que recebeu da PF orientações para se precaverem sobre eventuais ataques. A informação do alerta foi repassada com exclusividade à reportagem do O Mossoroense por um funcionário da instituição, que teve o nome preservado.
Os bandidos estariam planejando sequestrar funcionários com o intuito de usá-los como moeda de troca para entrar nas agências e roubar o dinheiro. A estratégia criminosa das quadrilhas não é algo inédito no RN e já foi adotada anteriormente em alguns municípios.
O alvo não se resume apenas aos funcionários dos bancos, se estende às famílias dos servidores, que têm cargos elevados dentro das agências. Pelo menos foi isso que aconteceu no dia 2 de setembro de 2010, na cidade de São Miguel, região do Alto Oeste.
Na ocasião, os dois filhos menores do gerente de módulo do Banco do Brasil foram sequestrados e mantidos reféns por integrantes de uma quadrilha e só liberados após o bando ter roubado parte do dinheiro que estava guardado na agência. Na noite anterior ao assalto, os bandidos foram à casa do gerente, fizeram ele e familiares reféns e exigiram o pagamento de um resgate com dinheiro do banco.
Para garantir que o plano seria concluído com sucesso, os dois menores foram levados pela quadrilha, enquanto o restante da família foi liberada para realizar os detalhes do resgate exigido pelo bando.
De acordo com o alerta da PF, o alvo em Mossoró pode ser qualquer funcionário que exerça função de alto ou médio escalão nas duas agências da cidade. Os cuidados redobrados com a rotina dos servidores não se mostraram suficientes em janeiro de 2003, quando uma quadrilha sequestrou a família do gerente da agência central da CEF e levou uma quantia em dinheiro existente em um dos cofres da unidade bancária.
A reportagem procurou o gerente da agência central da Caixa para falar sobre as possíveis ameaças de sequestro aos funcionários, porém foi informada que o gerente estava viajando e não podia se pronunciar sobre o assunto, considerado sigiloso e de alta complexidade.
Alerta é o segundo em menos de dois meses a instituições de Mossoró
O alerta repassado ao gerente da CEF de Mossoró, sobre eventuais sequestros de funcionários, é o segundo que ocorre em menos de dois meses. No final de novembro do ano passado, o comando da Polícia Militar do Rio Grande do Norte expediu uma recomendação à corporação mossoroense para se precaver contra possíveis ataques de criminosos contra os militares.
Segundo o coronel Francisco Canindé de Araújo, em conversas com comandantes da PM de São Paulo e de Santa Catarina, estados onde ocorreram os ataques contra policiais, a possibilidade de atentados contra PMs daqui do Estado foi descoberta mediante escutas telefônicas de presos perigosos, dentro das instituições prisionais.
O coronel confirmou ainda a existência de possíveis datas para os ataques no RN, que não foram reveladas.
Recentemente um agente penitenciário federal foi executado a tiros em uma estrada carroçável do bairro Santo Antônio. A Polícia Federal e a Polícia Civil investigam se a morte do agente está ligada a ataques de facções criminosas contra pessoas ligadas à segurança da cidade.
Funcionário da Caixa já foi vítima de quadrilha em assalto ousado
O setor de inteligência da Polícia Federal, que fez o alerta à gerência da Caixa, tenta se antecipar às ações criminosos das quadrilhas visando evitar erros que ocorreram em 2003, quando uma quadrilha, composta por mais de 20 bandidos, sequestrou a família do gerente da agência central da Caixa e o obrigou a abrir caminho para entrarem na unidade e roubarem o dinheiro.
Relembre
A agência central da CEF de Mossoró foi assaltada no dia 3 de janeiro de 2003, minutos antes do início do atendimento ao público. Uma quadrilha, formada por aproximadamente 20 bandidos, sequestrou a família do tesoureiro, levaram-na para um cativeiro e somente depois do assalto é que todos foram liberados.
Na ocasião, parte do bando chegou à casa do tesoureiro, localizada no conjunto Inocoop, Alto de São Manoel, por volta das 6h, quando ele tirava o carro da garagem. Armados com pistolas 765 e fuzis, entraram e renderam a sogra, a mulher e os dois filhos. Por volta das 7h, enquanto os parentes eram levados para um cativeiro, ele seguiu acompanhado de dois dos assaltantes até a agência. Na porta, um dos vigilantes tentou evitar a sua entrada por causa do acompanhante, mas foi orientado a dar passagem ante o argumento de que era seu primo.
Já no interior da agência, os vigilantes foram rendidos, tiveram suas armas tomadas e orientados a abrirem a porta para mais um integrante do bando entrar e não deixar transparecer que se tratava de um assalto. À medida que os funcionários iam chegando para trabalhar, tomavam conhecimento do que estava ocorrendo e seguiam para um lugar reservado.
Do primeiro andar foi levado R$ 200 mil em dinheiro, um dos desconhecidos, que tentou colocar explosivos colados ao corpo do tesoureiro, exigiu que fosse aberto o caixa principal.
A revolta maior por parte do assaltante se deu quando o caixa reserva foi aberto e a quantia existente não era do agrado do bando, que esperava uma importância maior em numerário. "Tanto trabalho para levar uma porcaria dessa", disse ele. O assaltante exigiu do tesoureiro que o cofre com as joias de penhor fosse aberto, mas também não obteve êxito. Enquanto isso, o contato com o restante do bando era feito através de telefone celular, da mesma forma que os funcionários se comunicavam com as famílias e diziam estar reféns de um bando e pedindo que elas ficassem tranquilas.
Os dois assaltantes permaneceram dentro da agência por cerca de uma hora e vinte minutos. Um deles saiu pela porta da frente da CEF e levou o carro do tesoureiro; enquanto o outro saiu pela porta dos fundos, fugindo em um Renault Scenic, com placa de Arapiraca, Alagoas. Quando estavam deixando as dependências da agência bancária avisaram que a partir das 9h todos os reféns estariam liberados.
Para deixar Mossoró com destino a Natal, parte da quadrilha, para não passar em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), usou um desvio que passa por dentro do conjunto Nova Vida.
Fonte: O Mossoroense/Cidade News Itaú
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