A oposição venezuelana exigiu do governo que diga a verdade sobre o estado de saúde do presidente Hugo Chávez, hospitalizado em Cuba, afirmou nesta quarta-feira (2) o secretário executivo da Mesa da Unidade Democrática, Ramón Guillermo Aveledo.
"É essencial que o governo atue de modo que dê confiança. É essencial que diga a verdade", afirmou Aveledo, taxando de "irresponsabilidade descomunal" a intenção de fazer crer que Chávez está "em exercício de suas funções".
"Já que o governo prometeu à noite (de terça) dizer a verdade (por meio do vice-presidente Nicolás Maduro), que diga logo e assim se acabam as discussões e se põe fim a todos os rumores, que são resultado do silêncio do governo", acrescentou.
Aveledo reclamou, além disso, "um diagnóstico e um prognóstico médico" sobre o estado de saúde do presidente.
Esta é a primeira vez que a coalizão opositora MUD se pronuncia tão claramente sobre a situação de incerteza que gerou a hospitalização de Chávez em Cuba.
Maduro afirmou que Chávez está consciente da complexidade de seu estado de saúde, mas não adiantou o que acontecerá se o presidente não puder assumir um novo período de governo no dia 10 de janeiro.
"Pude vê-lo em duas oportunidades, conversar com ele (...) Ele está consciente da complexidade do estado pós-operatório", disse Maduro em uma entrevista transmitida pela rede de televisão regional Telesur de Havana, onde Chávez está hospitalizado há três semanas.
O presidente se encontra em "uma situação complexa (...) às vezes tem leves melhoras, às vezes situações estacionárias", acrescentou o vice-presidente, dois dias depois de informar sobre novas complicações no estado de saúde de Chávez.
Maduro, que também ocupa o cargo de chanceler, admitiu que esta é "a adversidade mais dura" que o governismo sofreu desde que Chávez chegou ao poder, em 1999, mas se mostrou confiante de que o presidente irá se recuperar.
Também assegurou ter encontrado o presidente "com uma força gigantesca".
"Eu o saudei com a mão esquerda, depois me apertou com uma força gigantesca enquanto falávamos", disse, criticando a onda de rumores e mentiras que proliferaram nos últimos dias sobre o estado de saúde de Chávez e inclusive sobre sua morte.
Maduro, que na sexta-feira passada viajou a Havana para seguir de perto a evolução do líder venezuelano, explicou que retornará nesta quarta-feira a Caracas para retomar os trabalhos do governo.
O presidente da Bolívia e amigo pessoal, Evo Morales, por sua vez, afirmou que a saúde de seu colega e aliado político é muito preocupante.
"A situação do irmão presidente Chávez é muito preocupante. Tomara nossas orações sejam efetivas para salvar sua vida", afirmou Morales em coletiva de imprensa em Cochabamba (centro), depois de ter se comunicado com a família do presidente venezuelano.
Chávez, de 58 anos, foi operado no dia 11 de dezembro pela quarta vez de um câncer cuja localização se desconhece.
Posse no dia 10
O presidente, reeleito em outubro, deveria reassumir a presidência no dia 10 de janeiro perante a Assembleia Nacional e Maduro em nenhum momento da entrevista explicou o que acontecerá se o presidente não puder estar presente.
Antes de partir a Havana para realizar a operação, Chávez anunciou que Maduro assumiria a presidência temporária se ele ficasse incapacitado e seria o candidato governista em eleições que serão convocadas.
"Vocês elejam Maduro como presidente da República, peço do meu coração", disse o presidente, ao designar pela primeira vez em 14 anos de poder um herdeiro político.
Segundo a Constituição, caso seja declarada a falta absoluta de Chávez, Maduro deve assumir a presidência temporária até o fim do atual mandato - 10 de janeiro - e o país deverá realizar novas eleições em 30 dias.
Mas, se esta ausência não for declarada e Chávez não puder assumir no dia 10 de janeiro um novo mandato, seria aberto um cenário incerto.
"Em 10 de janeiro começa um novo período constitucional, se o presidente se apresentar, se apresentou. Se o presidente não se apresentar, cabe ao presidente da Assembleia Nacional assumir como encarregado a presidência da República transitoriamente, como diz a Constituição", disse Aveledo.
Para, como "em 10 de janeiro termina o atual período presidencial e começa outro, em consequência não há continuação do atual governo porque a Constituição estabelece um período constitucional de seis anos com possibilidade de reeleição, e não uma presidência com tempo indeterminado".
Aveledo insistiu em que se Chávez não prestar juramento seja declarada sua "falta temporária" e, caso seja necessário, a "falta absoluta" que se aplica, entre outros casos, em suspeitas de morte ou de incapacidade física permanente, que deve ser deteminada por uma junta médica.
Mas segundo Maduro e o presidente do Legislativo, Diosdado Cabello, neste momento a segunda figura de mais destaque do chavismo, a data de 10 de janeiro, fixada na Constituição, é adiável e Chávez pode assumir mais adiante perante o Supremo Tribunal de Justiça.
Cabello descartou inclusive ativar neste dia - se ocorrer a ausência do presidente - um artigo da Constituição que prevê que o líder da Assembleia Nacional assuma a presidência temporária e convoque eleições, que devem ser realizadas em 30 dias.
Os analistas concordam, no entanto, que, em caso de falta absoluta de Chávez - que pode ser por morte ou incapacidade física permanente, entre outras possibilidades - convêm ao chavismo eleições rápidas.
Contra Maduro, o rival mais provável nas urnas é Henrique Capriles, que perdeu nas eleições de outubro para Chávez.
Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú
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