“Nada foi muito normal nesta Fazenda”, disse Rodrigo Faro na noite de encerramento, pouco antes de anunciar a vitória de Angelis, com 69% dos votos. Ao longo de 93 dias, a edição “de verão” do reality show da Record, de fato, ofereceu várias surpresas – algumas positivas, muitas negativas.
Do ponto de vista da audiência, o programa foi um fracasso. Ficou muito abaixo da expectativa da emissora. Exibido de segunda a sábado, raramente conseguiu médias superiores a sete pontos no Ibope.
Várias são as explicações para este insucesso. Há quem considere que foi um erro lançar a “Fazenda de Verão” poucos meses depois de encerrada a “Fazenda”. Não sei avaliar. Na minha opinião, os problemas foram outros. Abaixo, levanto oito motivos para o programa não ter decolado.
Elenco: A produção descobriu figuras interessantes entre os chamados “anônimos” – sobretudo, as mulheres. Angelis, Isis, Karine, Gabriela e Natalia foram personagens interessantes no reality. Mas há algo muito errado numa seleção que inclui três desistentes (Halan, Haysam e Rodrigo Simões), além de um que veio a ser expulso (Lucas).
Transparência: Para quem prometia “um reality de verdade”, mais uma vez a Record pecou num quesito fundamental. A emissora dedicou 15 segundos de um programa para explicar a eliminação de Lucas (“comportamento incompatível com o funcionamento do programa e com regras básicas de convívio”) e nada mais. Também não deu os percentuais da penúltima votação, sugerindo que Isis foi mais bem votada que Angelis, o que não era verdade.
Regulamento: O público não conhece as regras da “Fazenda” e não entende diversas decisões da direção. Isis cuspiu em Angelis e não foi punida nem com advertência. Deveria ter sido expulsa. Halan acertou a cabeça em Rodrigo Carril e também não foi punido (pouco depois, desistiu do programa). Haysam atirou um copo de água na cara de Angelis e ficou por isso mesmo. Estranho.
Edição: O diretor Rodrigo Carelli insiste numa narração cronológica e linear dos acontecimentos, raramente propondo alternativas inspiradas em situações ou personagens. Somado a isso, houve poucas festas e atividades extraordinárias para os peões, o que deixou a edição com pouco material para entreter o público, resultando em alguns programas verdadeiramente tediosos.
24 horas: Além de ser propaganda enganosa, a promessa da Record de exibir o reality 24 horas por dias na internet irrita os fãs mais viciados. A todo o momento há interrupções na transmissão – justamente para não mostrar fatos importantes e “guardá-los” para exibição à noite, na TV.
Programação: A “Fazenda de Verão” estreou às 20h30, mas levou uma surra da novela "Carrossel", do SBT, e foi empurrada para o fim de noite. Frequentemente ia ao ar depois das 23h20, um horário péssimo. A mudança e o novo horário certamente contribuíram para o insucesso do programa.
Preconceito: De todos, foi o problema mais grave. “A Fazenda de Verão” hospedou o primeiro romance entre duas mulheres em um reality show no Brasil e ficou com vergonha disso. O caso entre Angelis e Manoella foi tratado com constrangimento, excesso de discrição e medo. Além de desperdiçar material interessante para um programa deste tipo, a atitude da Record revelou preconceito, já que o programa mostrou com muito mais entusiasmo os demais casos e namoros ocorridos na casa.
Apresentador: A decisão de escalar Rodrigo Faro para o lugar que considerava-se vitalício de Britto Jr. foi acertada. Aparentemente mais à vontade no papel que o seu antecessor, Faro interagiu mais com os participantes e deu a impressão, em alguns momentos, de estar se divertindo. Assim como Britto, porém, Faro sofreu muito ao ser obrigado a ler textos em momentos que deveria exibir descontração.
Agora é aguardar o próximo.
Reprodução Cidade News Itaú
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