Um militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) foi assassinado na noite de sexta-feira (25) em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Cícero Guedes dos Santos era um dos líderes do movimento no assentamento nas terras da usina Cambayba, em Martins Lage, na divisa da cidade com o município de São João da Barra. Cícero foi atingido com vários tiros na cabeça e encontrado em uma estrada vicinal.
Segundo pessoas próximas à vítima, Cícero teria sido visto pela última vez por volta das 22h, andando de bicicleta entre os lotes do Assentamento Oziel Alves, acampamento montado pelos sem-terra dentro da usina.
De acordo com o MST, a morte pode ter sido ocasionada pela disputa da terra. Os sem-terra pediam a desapropriação de parte da propriedade de 2.800 hectares considerada improdutiva pelo Incra. Desde o ano 2000, o MST ocupa uma parte do terreno da usina,e desde então o caso está em disputa na Justiça. Cícero foi um dos coordenadores da ocupação.
O delegado da 134ª Delegacia de Polícia de Campos dos Goytacazes, Geraldo Rangel, que acompanha o caso, informou que a investigação trabalha com hipótese semelhante à levantada pelos sem-terra.
Segundo o delegado, a quebra do sigilo telefônico de Cícero Guedes vai ser solicitada, já que ele descartou a hipótese de latrocínio e acredita que o crime tenha mesmo ligação com o movimento sem-terra.
De acordo com a professora de Serviço Social da Universidade Federal Fluminense, Ana Costa, que acompanhava as intervenções do grupo na cidade, R$ 570 em dinheiro e notas fiscais - originárias da comercialização da produção do MST -, foram encontradas no bolso da vítima.
"O dinheiro não foi mexido e por isso só pode ter sido morte encomendada. Foi encontrado projétil debaixo do corpo. Vamos desencadear todo o esforço que pudermos para não deixar esse crime impune", afirmou a professora.
O diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e também integrante do MST há 20 anos, Luiz Carlos Mendonça, afirmou que já tinham ocorrido ameaças a integrantes do movimento. “Logo que ocupamos as terras no dia 1 de novembro, na primeira semana sofremos ameaças de pessoas, registramos queixa na delegacia e a partir daí começamos a tomar as precauções para nossa integridade”, disse. Ainda segundo ele, uma guarnição da polícia teria sido solicitada para que ficasse na entrada do assentamento.
Em nota oficial, o MST se pronunciou sobre o assassinato. "A morte da companheiro Cícero é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos Sem Terra e da lentidão do Incra para assentar as famílias e fazer a Reforma Agrária".
Enterro
Segundo a família, a previsão é de que o enterro de Cícero Santos aconteça no domingo (27), entre os horários de 10h e 12h. O local do velório ainda está para ser definido e deve ser realizado ou no assentamento Zumbi dos Palmares, em Campos dos Goytacazes, ou na sede do Sindipetro-NF, também na cidade.
Reprodução Cidade News Itaú
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