Depoimentos colhidos pela Polícia Civil mostram que a morte de mais de 230 pessoas na boate Kiss poderia ter sido evitada com R$ 67,50. O valor corresponde à diferença entre o preço do sinalizador de uso externo utilizado pelo vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo dos Santos, que custa R$ 2,50, e o modelo de uso interno, cujo preço é R$ 70.
Em depoimento à Polícia Civil, o vendedor da loja onde Santos comprou o sinalizador usado no show de sábado disse que chegou a oferecer ao cantor o modelo mais caro. Santos, que negou em depoimento ter comprado o artefato, teria recusado a oferta.
A polícia trabalha com a hipótese de que o sinalizador tenha provocado a incêndio que matou 235 pessoas e deixou outras 75 internadas em estado grave. O modelo de uso interno poderia ter evitado a tragédia.
Segundo a estudante de Tecnologia de Alimentos Bárbara Kuschinski, de 20 anos, que estava na boate Kiss, os participantes da festa demoraram a perceber o incêndio. “O show estava no começo. Quando ele ascendeu o sinalizador logo apareceu uma mancha vermelha no teto, em cima do palco, mas ninguém deu bola. Pensei que era um efeito”, disse ela.
“A mancha foi aumentando e quando vi já estava no meio da pista. Foi então que percebi algumas pessoas tentando usar os extintores que não funcionavam. Achei que fosse algum tido de brincadeira até que começou a fumaça”, completou Bárbara, que conseguiu escapar apenas com um arranhão e um hematoma no braço direito.
Extintores falsificados
O delegado Marcelo Arigony, que comanda a investigação, levantou a hipótese de que os extintores usados na Kiss eram falsificados. Segundo ele, um dos depoentes disse que os donos pagaram um preço muito barato para aquele tipo de equipamento. “Há a possibilidade de os extintores serem falsificados”, afirmou o delegado.
Além disso, segundo Arigony, a polícia investiga a hipótese de que o material que deveria ser usado para isolamento acústico fosse, na verdade, uma espuma anti-eco altamente inflamável. “Tudo isso vai ser objeto de perícia”, disse o delegado.
Arigony praticamente descartou a possibilidade de os donos da boate terem apagado as imagens das câmeras internas de segurança. De acordo com ele, o computador que deveria gravar as imagens foi encontrado em uma loja de assistência técnica, onde estava há mais de uma semana.
Segundo o delegado, a polícia não encontrou os registros de caixa da boate, que poderiam comprovar a superlotação do local. “Vamos ter que produzir esta prova de outra maneira”, afirmou. A Kiss tem capacidade para 691 pessoas. Segundo relatos, mais de mil estavam no local no momento do incêndio, o que teria dificultado a saída.
Reprodução Cidade News Itaú
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