O MMA conquistou popularidade devido a lutadores brasileiros transformados em ídolos nacionais, campeões em diversos torneios e categorias mundo a fora. Mas o esporte que fatura bilhões de dólares todos os anos tem atraído também a atenção de quem o considera violento. A polêmica em torno da suposta violência promovida pelas lutas foi parar em Brasília (DF). O deputado federal e advogado, José Mentor (PT-SP) propôs o projeto de lei 5.534/2009 que visa proibir a transmissão das lutas não olímpicas, caso do MMA, em TVs brasileiras (abertas e fechadas). O ringue agora é no Congresso Nacional, que deve receber uma audiência pública ainda neste ano.
A batalha começou em 2009, ano em que o projeto de lei foi criado pelo deputado José Mentor. “Nosso objetivo é proibir o televisionamento de lutas agressivas e brutais que banalizam e propagandeiam a violência pela violência, sem qualquer outra mensagem, pela TV, que é uma concessão estatal. Éder Jofre, por exemplo, bicampeão mundial de boxe, é um dos veementes opositores ao MMA, que tem pouco de esporte e muito de ‘briga de rua’, onde vale tudo”, afirma.
Mentor se atém às mortes de atletas do MMA, em decorrência da intensidade dos golpes sofridos, sobretudo na cabeça. “Basta assistir a um único embate para ver a brutalidade e a contundência dos golpes, desde pontapés e joelhadas na cabeça até cotoveladas no rosto, chaves de braço e ‘mata-leões’”, ressalta Mentor. O deputado não sabe precisar quantas mortes foram registradas em competições do esporte, mas aponta que, de fato, pessoas morreram durante as lutas. “Ainda não há levantamentos oficiais, mas pelo menos três casos ficaram famosos, em apenas 13 anos da luta: o primeiro em 1998, na Ucrânia, e outros dois nos Estados Unidos, um em 2007 e outro em 2010”, garante.
A polêmica atinge diretamente a Rede Globo, que negociou recentemente a renovação do contrato de exclusividade para transmitir as lutas do UFC por R$ 1 bilhão. Ela e o canal Premiere Combate, seu braço na TV por assinatura, têm os direitos de transmissão até 2022. Desta forma, a maior emissora do país é, mesmo que não admita, mais uma adversária do deputado paulista neste embate.
De acordo com a assessoria de imprensa do UFC no Brasil, maior e mais importante torneio de MMA no mundo, ninguém comentará a proposta do deputado paulista. Mas contra ele está também o ex-boxeador Arcelino Popó de Freitas, tetracampeão nas categorias Superpena e Peso-Leve. A reportagem procurou o ex-atleta, que também é deputado federal, mas ele não foi encontrado para comentar a polêmica que envolve o MMA. Porém, em entrevista ao programa Palavra Aberta, da TV Câmara, em setembro de 2011, ele saiu em defesa e contou que estava em vias de propor a regularização do esporte.
Tramitação
O projeto de lei está agora na Comissão de Ciência da Câmara, já tendo passado pela de Desporto. Depois vai para a de Constituição e Justiça, podendo chegar ao Plenário, se houver recurso. “O debate é se o MMA é o tipo de atividade que queremos para formar, qualificar, graduar ou promover os valores esportivos e civilizatórios do cidadão brasileiro. É essa a discussão que devemos travar”, afirma José Mentor.
Repercussão
O projeto de lei do deputado José Mentor ainda foi pouco divulgado. Mas para quem está diretamento ligado ao esporte, o assunto já começa a ser discutido. O treinador de Jiu Jitsu e MMA, Helton Gomes de Aguiar, que pratica artes marciais desde os sete anos, é um dos profissionais contrários ao projeto. “Há um preconceito proveniente da falta de conhecimento, que possibilita aos leigos argumentar que a arte marcial se resume aos socos e pontapés, e não como um estilo de vida que desenvolve autoconfiança e autoestima. A arte marcial consolida no praticante, a cada experiência, o contato com seu interior através do outro”, acredita.
Quem também defende a prática de artes marciais é a psicóloga Aline Alves Pereira, 29, que trabalha com psicologia do esporte. Para ela a postura agressiva de um indivíduo não é causada por fatores externos. “Como toda arte marcial, a luta tem um enorme poder de educar, disciplinar seu atleta dentro das suas diretrizes. Acredito que acontece o contrário, um atleta de luta dificilmente se envolve em brigas fora do tatame. As pessoas que tem um comportamento agressivo e ou uma pré-disposição para desenvolve-lo, já tem este inserido na sua personalidade”, avalia.
A educadora física Luciana Figueiredo Marinho vai além. Os supostos casos de violência envolvendo praticantes de artes marciais poderão ser evitados com fiscalização. “A principal filosofia de qualquer arte marcial é justamente controlar a agressividade. Não é proibindo a exibição na tevê que coibiremos a violência ou agressividade relacionada à prática de artes marciais, e sim exigindo dos órgãos responsáveis que fiscalizem as escolas de luta e exijam formação adequada dos professores”, garante.
Fonte: Superesportes/Cidade News Itaú
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