O ministro britânico da Defesa, Phil Hammond, confirmou neste sábado (19) que o incidente com reféns no campo de gás da Argélia foi encerrado, em uma operação em que houve mortos. Ele não citou números.
Hammond fez a declaração em entrevista ao lado do secretário americano de Defesa, Leon Panetta, e disse que os terroristas islâmicos que mantinham os reféns, muitos deles estrangeiros, desde quarta-feira (16), "são os únicos que têm responsabilidade pela perda de vidas".
Os sete últimos reféns estrangeiros e 11 militantes islâmicos morreram na invasão final do Exército argelino ao complexo, segundo a agência estatal de notícias APS.
A operação ocorreu no meio da manhã, segundo uma fonte da segurança ouvida pela France Presse.
Os sete estrangeiros foram executados quando os terroristas perderam a esperança de escapar do local com vida. Em seguida, militares argelinos mataram pelo menos 11 terroristas que continuavam no complexo.
O britânico Hammond afirmou que seu governo estava em busca de mais informações sobre o incidente.
O número exato de mortos entre os terroristas e os trabalhadores estrangeiros e argelinos na fábrica perto da cidade de In Amenas, próxima da fronteira da Líbia, ainda não está claro.
A imprensa e governos reclamaram constantemente da maneira como as autoridades gerenciaram a crise e da falta de informação confiável disponível.
Mais cedo neste sábado, forças especiais argelinas encontraram 15 corpos queimados na usina. Esforços para identificar os corpos estavam em andamento, disse a fonte à Reuters. Ainda não estava claro como eles tinham morrido.
Na quinta, por meio da agência mauritana de notícias ANI, os sequestradores afirmaram que retinham três belgas, dois americanos, um japonês e um britânico como reféns.
Uma fonte de segurança argelina afirmou à France Presse neste sábado que "entre 25 e 27" reféns estrangeiros morreram na operação.
Um porta-voz do grupo disse à ANI que 34 reféns estrangeiros e 15 militantes morreram em um ataque lançado na quinta-feira por forças argelinas contra a base residencial do complexo.
Na sexta, outra versão dava conta de 12 reféns e 18 sequestradores mortos, além de 100 reféns estrangeiros e 573 empregados argelinos libertados.
A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmou que havia reféns em perigo, inclusive americanos.
O Departamento de Estado dos Estados Unidos disse na sexta-feira que um americano, Frederick Buttaccio, tinha morrido, mas não deu mais detalhes. O ministro da Defesa francês disse que não havia mais trabalhadores franceses entre os reféns.
Dois noruegueses foram liberados durante a noite, deixando seis desaparecidos, enquanto a Romênia disse que três de seus cidadãos tinham sido libertados. Um número de trabalhadores japoneses de engenharia ainda estavam desaparecidos.
Escalada no conflito
O ataque se transformou em uma das maiores crises com reféns internacional das últimas décadas, colocando a questão da militância islâmica do Saara no topo da agenda global.
Os militantes responsáveis pelo sequestro, ligados à rede terrorista da Al-Qaeda, ameaçaram realizar mais ataques a instalações do setor de energia na Argélia.
A crise de reféns representa uma séria escalada no conflito no noroeste da África, para onde tropas francesas foram enviadas na semana passada para combater a tomada de cidades da República do Mali por grupos islamistas.
Além disso, ela pode ser devastadora para a indústria petrolífera da Argélia, num momento em que o país se recupera da guerra civil dos anos 1990.
Os militantes que lutam no deserto mostraram estar mais bem treinados e equipados do que a França previa, disseram à Reuters diplomatas na ONU. A organização estima que 400 mil pessoas poderiam fugir do Mali para os países vizinhos nos próximos meses.
Na Argélia, os sequestradores alertaram a população para que fique longe de instalações de empresas estrangeiras no setor de óleo e gás, ameaçando desfechar mais ataques, segundo a agência ANI, citando um porta-voz do grupo.
O comandante do sequestro na Argélia é Mokhtar Belmokhtar, um veterano da Guerra do Afeganistão na década de 1980 e da sangrenta guerra civil dos anos 1990, segundo autoridades argelinas. Aparentemente, ele não esteve presente no ataque.
Balmokhtar subiu de status entre os grupos islamitas no Saara, os quais se apoderaram de armas e ganharam novos adeptos em decorrência do caos na Líbia. As potências ocidentais temem que a violência se espalhe muito além do deserto.
O argelino Anis Rahmani, um especialista em segurança autor de vários livros sobre o terrorismo e editor do diário Ennahar, disse à Reuters que cerca de 70 militantes estavam envolvidos na operação na Argélia, o grupo de Belmokhtar, que partiu da Líbia, e o menos conhecido Movimento da Juventude Islâmica no Sul.
"Eles estavam portando armas pesadas, incluindo fuzis usados pelo Exército líbio durante o regime de (Muammar) Kadhafi", disse ele. "Eles também tinham lança-granadas e metralhadoras."
Trabalhadores argelinos formam a espinha dorsal de uma indústria de petróleo e gás, que tem atraído empresas internacionais nos últimos anos, em parte por causa da segurança no estilo militar.
Reprodução: Cidade News Itaú
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