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sábado, janeiro 19, 2013

Cantora portuguesa é indiciada em MT por filha de 14 anos fazer aborto


Remédio abortivo e receita encaminhados à menina foram apreendidos pela polícia (Foto: Polícia Civil)Remédio abortivo e receita encaminhados à menina
foram apreendidos pela polícia (Foto: Polícia Civil)
Um aborto ocorrido em Cuiabá, terminou com o indiciamento de uma cantora de grande expressão popular em Portugal. Maria Adelaide Mengas Matafome, de 54 anos, é suspeita, segundo a Polícia Civil, de ter auxiliado a própria filha, uma adolescente de 14 anos, a cometer o crime.
A trama envolvendo os dois países que a polícia tenta desvendar ainda apontou como suspeitos o namorado da adolescente, um rapaz de 21 anos, e a mãe dele. Desde o ocorrido, no dia 4 deste mês, a menina está sob os cuidados do estado em uma casa de internação. Ela vai responder na Justiça pelo crime de aborto provocado.
De acordo com o delegado Paulo Alberto Araújo, da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), a Interpol foi comunicada sobre o caso e a artista, por residir no país europeu, será interrogada na localidade onde mora e o teor do depoimento deverá ser encaminhado à Polícia Civil de Mato Grosso.
O caso só foi descoberto na madrugada do dia 4 de janeiro quando a garota deu entrada no Hospital Universitário Júlio Müller com um quadro grave de hemorragia provocado pela ingestão de quatro comprimidos contendo substância altamente abortiva. Três horas depois de tomar o medicamento, ela entrou em trabalho de parto que só foi concluído com o feto expelido no vaso sanitário da unidade hospitalar.
As investigações apontaram que a adolescente tomou os remédios proibidos pela legislação brasileira por meio de um site holandês. Um médico austríaco emitiu uma receita e os 10 comprimidos remetidos pela Índia foram encaminhados à casa do namorado da adolescente ao custo de R$ 88.
Durante o parto, a família do rapaz criou uma “história para não incriminar o namorado e a mãe dele no Brasil. A mãe da adolescente em Portugal foi contatada por e-mail e essa ligou ainda por volta de 5 horas no telefone fixo da casa do rapaz falando com cada um em separado para não dizer quem era o pai e que a adolescente já veio grávida de Portugal para o Brasil”, afirmou o delegado.
A menina de 14 anos conheceu o rapaz brasileiro na região de Vila Caiscais, em Portugal. O casal passou a morar na casa da mãe da adolescente desde fevereiro de 2012 e, no dia 28 de setembro do ano passado, ambos vieram a Cuiabá para a menina conhecer a família do rapaz. Na capital, a menina descobriu que estava grávida ao fazer dois testes de farmácia.
De acordo com a gerente da Casa de Retaguarda Paulo Prado, Flávia Alessandra Guedes Silva Saldanha, a menina estava com passagem de retorno marcada para o mês de novembro, porém, “não retornou porque passou mal ao descobrir estar com dengue”.
Em depoimento à polícia, a menina disse que tomou a decisão de abortar e, mesmo o namorado ter se mostrado contrário à decisão dela, foi auxiliada por ela para fazer pesquisas na internet para localizar abortivos, quando resolveram adquirir o medicamento de uma organização internacional que auxilia mulheres em dificuldade para manter uma gravidez.
Internação
Em entrevista ao G1, a gerente da casa de internação informou que os primeiros dias da adolescente portuguesa no local não foram fáceis. Recolhida e indiferente, a menina “chorava o tempo todo”.
O alívio só chegou quando a adolescente confessou ter praticado o aborto em depoimento prestado à polícia. “Quando ela contou a verdade isso deu mais tranquilidade emocional, passou a se alimentar melhor e também a cantar. Ela disse quer ser cantora, como a mãe”, enfatizou.
Saldanha informou ainda que a mãe da menina mantém contato diário com ela por telefone e, inclusive, contratou uma advogada em Cuiabá para atuar em defesa dela e da filha. A escolhida foi a advogada Benedita Rosarinha Bastos, que também é presidente da Comissão da Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT). Ela não respondeu às ligações até o fechamento da reportagem do G1.
O G1 apurou que Bastos compareceu à primeira audiência que responsabiliza a artista no caso realizada na semana passada na Vara de Infância e Juventude de Cuiabá. A Justiça também deverá decidir o futuro da menina no Brasil.

Reprodução: Cidade News Itaú

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