Gildo Bento
RN é líder no Brasil em índice de sensação de insegurança, revela pesquisa do IBGE divulgada n
Há mais de três anos, o administrador Thiago Fernandes, 33, viveu duas situações muito difíceis. Na primeira, ele estava com seu carro estacionado em frente de casa, no bairro Emaús, em Natal, esperando a esposa chegar com as chaves para poder entrar, quando foi abordado por um homem insuspeito. “Ele estava com uma arma. Foi tão rápido que nem me lembro da cara dele”, disse. Na empreitada, o bandido levou seu telefone celular, um notebook e seu carro, que foi resgatado três horas depois. “Na hora eu não pensei em nada; só em entregar as coisas e deixar ele ir embora”, completou.
Na segunda situação não houve tanto risco. Thiago chegou em casa com a esposa e achou o portão e uma janela arrombados. Os bandidos, que nunca foram identificados, levaram dois notebooks, perfumes e outros objetos menores. Ele chegou a ir à Polícia, mas não recuperou nada. Isso aconteceu há mais de três anos, mas na cabeça de Thiago é como se fosse ontem.
A estudante de iniciais M.F, 38, sentiu essa aflição na semana passada. Na quinta-feira, 29, ela e sua filha de 12 anos estavam em um salão de beleza no bairro Santo Antônio (zona norte de Mossoró), quando viveram o maior pânico de sua vida. Um bandido aproveitou um descuido da dona do estabelecimento, que deixou a porta aberta, entrou e anunciou o assalto. “Ele botou o revólver na minha cabeça e levou tudo, bolsa, celular, anel, depois pegou as coisas da dona do salão”, contou M.F..
A ação durou entre quatro e cinco minutos, mas, para a vítima foi uma eternidade. “Foi horrível”, repetiu M.F, por várias vezes. “A sorte é que, numa distração dele (do bandido), eu consegui esconder as chaves do meu carro, senão ele teria levado também”, disse ela, lembrando que nesse momento sua filha a chamou para fugir. “Ainda bem que não dei ouvidos a ela”, completa.
O trauma vivido por esses dois personagens nunca será apagado. Eles fazem parte de um percentual muito alto de pessoas que carregam as marcas da violência cada dia mais acentuada na sociedade. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a Síntese de Indicadores Sociais (SIS-2012) revelou que 7% dos entrevistados no Rio Grande do Norte haviam passado por situações semelhantes nos últimos 365 dias do momento da entrevista. Proporção maior que a média nacional (5,4%) e que a do Nordeste (5%).
De acordo com a sondagem, 9,5% das pessoas sofreram roubo ou furto de fato, percentual também acima do contexto brasileiro (7,3%) e da região Nordeste (7,5%), sendo o maior índice da macrorregião. Os números da agressão física no Rio Grande do Norte também são preocupantes: 2,7% dos entrevistados, maior percentual do Nordeste.
De acordo com analistas do IBGE, esses números são alarmantes e precisam de atenção pública, uma vez que a sensação de segurança influi diretamente na qualidade de vida das pessoas. Personagens são exemplo disso. Quase quatro anos depois dos acontecidos, ele decidiu que venderá a casa para comprar outra num condomínio fechado. “Eu me sinto inseguro todo dia”, disse.
A estudante M.F. ainda vê as imagens do assalto como se tivesse acabado de acontecer. “Minha filha não conseguiu dormir depois do que aconteceu”, completou.
Fonte: DN Online/Cidade News Itaú
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