terça-feira, dezembro 11, 2012

Lula diz que depoimento de Marcos Valério é 'mentira'


Dilma e Lula em evento em Paris nesta terça-feira
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como mentirosas as afirmações do empresário Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República.

Segundo reportagem de "O Estado de S. Paulo", Valério disse, em depoimento dado em setembro, que foi responsável por pagar despesas pessoais do ex-presidente em 2003, por meio de depósitos na conta de uma empresa de Freud Godoy, ex-assessor particular de Lula. O empresário também afirmou que Lula deu aval, pessoalmente, aos empréstimos usados para abastecer o esquema do mensalão.

"Isso é mentira", disse Lula na saída do primeiro dia de seminário organizado por seu instituto e a Fondation Jean-Jaurès, ligada ao Partido Socialista francês, em Paris.

Rodeado de assessores e seguranças, o ex-presidente, que tem evitado falar com a imprensa, deixou rapidamente o local. Questionado se poderia responder mais perguntas sobre o caso, afirmou: "hoje, nem duas".

Na noite desta terça-feira (11), Lula participará de jantar oferecido pelo presidente da França, François Hollande, à presidente Dilma Rousseff no Palácio do Eliseu.

Ao longo do dia, o ex-presidente se reuniu reservadamente com membros de seu instituto e com convidados do seminário, e, à tarde, acompanhou discursos de Dilma e Hollande no evento, além de outros convidados.

No julgamento do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Valério foi condenado a 40 anos, 4 meses e 6 dias de prisão, além do pagamento de R$ 2,7 milhões em multa.

ALIADOS

Aliados de Lula também trataram o depoimento de Valério como uma "mentira".

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou de "profunda inverdade" as acusações. "A pessoa que disse não tem autoridade para falar mal do presidente Lula, que é um patrimônio da história deste país", disse o presidente do Senado.

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), afirmou que não há necessidade de se investigar o suposto envolvimento do ex-presidente Lula.

"Não é uma afirmação que mereça crédito, mereça consideração ou sequer investigação, eu acho que deve ser mandada para arquivo porque não merece, efetivamente, nenhum tipo de consideração", disse Marco Maia.

Em nota, o PT classificou como "sucessão de mentiras envelhecidas" o depoimento de Valério. "Trata-se de uma sucessão de mentiras envelhecidas, todas elas já claramente desmentidas. É lamentável que denúncias sem nenhuma base na realidade sejam tratadas com seriedade.

Valério ataca pessoas honradas e cria situações que nunca existiram, pondo-se a serviço do processo de criminalização movido por setores da mídia e do Ministério Público contra o PT e seus dirigentes", diz o texto assinado pelo presidente da legenda, Rui Falcão.

STF E OPOSIÇÃO

Presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator do processo do mensalão, o ministro Joaquim Barbosa defendeu que o Ministério Público Federal investigue o suposto envolvimento do ex-presidente Lula.

Sem dar detalhes do conteúdo, Barbosa disse que teve "conhecimento oficioso" (fora dos autos) do novo depoimento prestado por Valério.

Questionado se o Ministério Público deve abrir inquérito para apurar o envolvimento do ex-presidente, Barbosa concordou: "Eu creio que sim".

Já a bancada do PSDB no Senado decidiu apresentar requerimento na Comissão de Constituição e Justiça para convocar Valério.

Ao comentar sobre o caso, o delator do caso do mensalão, o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, disse que delação premiada "é coisa de canalha".

"Delação premiada para salvar o próprio coro é coisa de canalha", escreveu em seu blog pessoal.

Jefferson também diz que a declaração de Valério "não parece crível" e que o empresário, também condenado no mensalão, está "magoado".

Roberto Jefferson (PTB-RJ) aparece com o rosto inchado para depor na CPI dos Correios no dia 30 de junho de 2005. Jefferson contou que o olho roxo foi resultado de um acidente doméstico, quando parte de um armário o atingiu ao tentar alcançar um CD do Lupicínio Rodrigues

Fonte: Folha de São Paulo/Cidade News Itaú

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