segunda-feira, dezembro 17, 2012

Famílias de classe média também fogem da estiagem no Pernambuco


Gado morto por causa da seca na area rural de Paranatama, região do agreste Pernambucano.
Moradores do agreste e do sertão de Pernambuco estão abandonando suas casas na zona rural para fugir da seca, mas diferentemente do que ocorria, os novos retirantes não são apenas miseráveis.

Agora há famílias de classe média que deixam para trás casas mobiliadas.

Parentes cuidam do patrimônio. E quem vai se compromete a enviar dinheiro para ajudar os que ficam.

"Meu filho e a mulher dele não aguentaram", disse o agricultor Edigar Aristides dos Santos, 68, um ex-retirante que também fugiu da seca nas décadas de 1970 e 1980.

"Eles fecharam a casa com tudo dentro, entregaram a chave para um sobrinho e foram embora para São Paulo faz uns 30 dias", disse.

Das 11 reses do casal, nove morreram. Das plantações de fumo, feijão e milho só sobraram caules secos.

A falta de chuva também levou parte da família do lavrador Gedson de Almeida, 20, a emigrar para Parauapebas (PA), polo emergente de mineração na Amazônia.

O sogro vendeu um caminhão e parte do rebanho que restou para viajar com a mulher e os filhos. Eles já haviam perdido 28 cabeças de gado.

"Eles prometeram mandar dinheiro para eu e minha mulher também irmos embora."

A Folha percorreu na semana passada aproximadamente 1.300 quilômetros pelo interior de Pernambuco.

A estiagem tornou a paisagem cinza. Pequenos açudes secaram e o chão rachou.

Carcaças de bois se espalham nos pastos. Em Águas Belas (305 km de Recife), urubus se juntavam em pequenas poças que restavam para comer peixes na lama.

Na caatinga, criadores queimavam cactos para retirar o espinho e dar ao gado.

Em Floresta (435 km de Recife), em uma casa de pau a pique sem móveis a família de Valdomido de França, 46, se preparava para deixar o local.

Dos 185 municípios pernambucanos, 129 decretaram estado de emergência. Cerca de 1.500 carros-pipa estão atendendo as regiões afetadas. O governo do Estado estima que 25% do rebanho tenha morrido de fome ou sido abatido durante a estiagem.

Fonte: Folha de São Paulo/Cidade News Itaú

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