Uma semana após ter sido internada, a atriz Regina Dourado, 59, morreu neste sábado, às 11h20, no Hospital Português, em Salvador. A atriz, que lutava contra um câncer de mama desde 2003, não resistiu às complicações causadas pela doença. Regina estava internada desde do dia 20. A informação foi confirmada pela assessoria do hospital.
Em entrevista ao jornal "A Tarde" dia 24 de setembro, Oscar Dourado, irmão da atriz, disse que os familiares e amigos tinham consciência que o estado de saúde de Regina Dourado era irreversível. "Não há mais nada o que fazer, a não ser rezar e esperar o que Deus quiser. O importante é que os médicos têm feito de tudo para evitar mais sofrimento para minha irmã e garantir que a passagem (morte) seja feita de forma menos dolorosa", afirmou.
A assessoria de imprensa do hospital informou que, por determinação dos familiares, os boletins médicos sobre a doença da atriz, que fazia um tratamento contra o câncer, não seriam divulgados.
Embora esperada, a morte da atriz movimentou a entrada principal do Hospital Português. Assim que houve a confirmação por parte dos médicos, dezenas de fãs fizeram uma oração nas imediações da portaria do hospital.
"O que fica de Regina Dourado é a alegria, a imensa vontade viver. Ela foi, sem dúvida, uma atriz muito popular, que jamais abandonou as suas origens", disse a professora Áurea Santana, 34.
"Quem gosta de novela jamais vai esquecer a brilhante participação de Regina Dourado em ‘Explode Coração’, quando popularizou um bordão (stop, Salgadinho) que foi repetido por milhões de brasileiros durante muito tempo", afirmou a funcionária pública Nina Caldas, 47.
O velório da atriz será realizado no cemitério Jardim da Saudade e irá começar após a liberação do corpo do hospital,ainda sem horário previsto. Inicialmente, a cerimônia será só para amigos mais próximos e familiares.
No final da noite, o velório será aberto ao público. O corpo da atriz será cremado no domingo (28), às 16h30, no mesmo local.
Doença
Há nove anos, após uma consulta de rotina, Regina foi diagnosticada com câncer de mama. Em 2003, ela foi operada para a retirada de um tumor na mama direita e, sete anos depois, foi submetida a mais uma cirurgia porque a doença atingiu a mama esquerda.
A atriz foi internada novamente em 20 de setembro em estado gravíssimo, em decorrência de complicações do câncer . Menos de 48 horas após ser internada, depois de passar mal em casa, os médicos decidiram, em comum acordo com os familiares, suspender a quimioterapia.
"Minha irmã está sedada e com poucos momentos de lucidez. O quadro dela é irreversível", disse Oscar Dourado em entrevista ao UOL na última terça-feira (23).
Carreira
Nascida em Irecê (374 km de Salvador), em 22 de agosto de 1953, Regina Dourado começou cedo na carreira de atriz. Aos 15 anos, ela já estava atuava na Companhia Baiana de Comédia e praticava aulas de canto e dança. Dez anos mais tarde, a artista conseguiu seu primeiro papel na televisão, na série “A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água”, dirigida por Walter Avancini e exibida na Globo.
Atriz de teatro, cinema e TV, onde foi escalada para mais de 20 programas, Regina Dourado teve seu maior destaque na novela “Explode Coração" (1995), de Glória Perez. Na trama da Globo, ela interpretava Lucineide, que ficou famosa por criar o bordão "stop, Salgadinho", usado quando falava com o marido, interpretado por Rogério Cardoso.
A estreia de Regina em novelas aconteceu em 1979 com “Pai Herói”, de Janete Clair, onde interpretava Nancí. Em seguida, ela conseguiu diversos papeis em novelas como “Cavalo Amarelo” (1980), “Pão Pão, Beijo Beijo” (1983) e “Roque Santeiro” (1985), além da já citada “Explode Coração".
Além das novelas, Regina também se destacou em minisséries e seriados, como “Lampião e Maria Bonita” (1982), “O Pagador de Promessas” (1988), “O Sorriso do Lagarto” (1991) e “Tereza Batista” (1992). Na Globo, o último trabalho da artista foi em "América", de Glória Perez, em 2005. Na sequência, a atriz foi para a Record, onde atuou nas novelas "Bicho do Mato" (2006) e "Caminhos do Coração" (2007).
O teatro tampouco foi esquecido por Regina, que trabalhou nas montagens de “Memórias de um Sargento de Milícias”, “Declaração de Amor Explícito”, “Rei Brasil 500 Anos, Uma Ópera Popular” e “Tratado Geral da Fofoca”. No cinema, a atriz estreou com uma pequena participação no filme “Amante Latino”, em 1979, e logo depois cantou na trilha de “O Encalhe - Sete Dias de Agonia” (1982). Seu primeiro grande papel na telona veio em 1984, quando trabalhou no filme “Baiano Fantasma”.
Em seguida, ela atuou em "Tigipió - Uma Questão de Amor e Honra" (1986), "Corpo em Delito" (1990), "Corisco & Dada" (1996) e "No Coração dos Deuses" (1999). Seu último longa foi “Espelho d'Água - Uma Viagem no Rio São Francisco”, em 2004.
No final de 2003, após uma consulta regular, Regina Dourado anunciou publicamente que tinha um câncer de mama. Em entrevista à TV Bahia (Globo), a atriz disse que, no início, ficou perdida. “O momento da notícia é terrível, fica uma perplexidade. Eu achei que eu nem cheguei a ter consciência da gravidade naquele momento. Eu fiquei muito mais perplexa do que qualquer coisa, meio perdidona”, afirmou.
Ainda na entrevista, a atriz disse que não se considerava vítima por ter contraído a doença. “A recuperação é dolorosa, é difícil, não é mole não. Porém, passa. Não me sinto absolutamente vítima por ter tido câncer. Não me sinto infeliz no sentido de que sou uma coitada e que de uma certa forma as pessoas têm que dividir comigo essa infelicidade. Eu não me sinto desta maneira, mas também não digo que é fácil".
"É óbvio que eu tenho momentos de angústia, de tristeza, de insegurança, de medo". De acordo com familiares, a última atuação de Regina Dourado aconteceu em abril deste ano, na Concha Acústica do TCA (Teatro Castro Alves), em Salvador, quando participou do espetáculo “Paixão de Cristo”.
Fonte: Portal Uol/Cidade News Itaú
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