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De janeiro a julho deste ano 51 jovens com idade entre 12 e 21 anos foram mortos em Natal. Todos eles respondiam a processos pela prática de atos infracionais. Uma média de sete jovens assassinados por mês.
O levantamento foi feito pelo juiz Homero Lechner, titular da 3ª Vara da Infância e Juventude de Natal, baseado nas certidões de óbito registradas nos cartórios da capital potiguar. O magistrado passou a desconfiar da existência de um possível grupo de extermínio devido ao número elevado de processos extintos em decorrência de óbitos dos jovens que cometeram atos infracionais.
Durante o levantamento, o magistrado constatou que outros 29 jovens que respondiam a processos na 3ª Vara da Infância foram assassinados em 2011. Contudo o número pode ser bem maior, uma vez que não foram contabilizadas as certidões de óbitos dos cartórios, considerando-se apenas os processos extintos na 3ª Vara devido à morte do jovem infrator.
Sobre a pesquisa, Homero Lechner aponta que a cada mês o número de processos extintos era maior. "Resolvi fazer esse levantamento para ver a situação e nos surpreendeu a quantidade de óbitos de jovens nessa faixa etária e justamente envolvidos com atos infracionais", comentou. O material do levantamento foi encaminhado na última quinta-feira para a promotoria de investigação criminal. "Suspeitamos que exista um grupo de extermínio, mas só a apuração vai detectar se nossa suspeita procede", opina.
Questionado se os casos de extermínio de jovens podem estar diretamente ligados a existência de milícias dentro das polícias civil e militar, o magistrado ressaltou: "A polícia trabalha bem, mas pode ser que alguns policiais estejam envolvidos com o caso, assim como traficantes ou comerciantes, por defender algum território, por exemplo", comentou. Uma das dúvidas do juiz Homero Lechner é em relação a morte desses 51 jovens. "Será que foram abertos 51 inquéritos para apurar a causa morte desses jovens?", indaga.
A maioria das mortes foi ocasionada por traumatismo craniano devido à utilização de arma de fogo. Outro dado curioso detectado pelo magistrado é que os jovens assassinados não estavam cumprindo medidas socioeducativas. "Um fator que pode ter contribuído com essas mortes é a questão da impunidade. Esses jovens deveriam estar internados e não nas ruas", afirma.
Investigação
O delegado geral da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, Fábio Rogério da Silva, disse que as investigações sobre a existência do suposto grupo de extermínio de jovens que praticaram atos infracionais deve começar na próxima semana. O assunto foi manchete na edição de ontem do Diário de Natal. De acordo com a reportagem, além das mortes dos adolescentes, a denúncia feita pela Justiça coloca em xeque as políticas públicas socioeducativas.
O titular da Degepol disse que tomou conhecimento das denúncias através da imprensa. "Não tínhamos conhecimento sobre a existência de um grupo desse tipo, mas vamos iniciar as investigações", garantiu o delegado-geral.
Fonte: DN Online/Cidade News Itaú
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