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Exemplo do Presépio de Natal, no bairro de Candelária, zona Sul, que há mais de dois está abandonado, sob os "cuidados" apenas de marginais, um outro prédio construído com dinheiro público, desta vez na zona Norte de Natal, está não apenas abandonado como servindo de abrigo para vândalos que depredam o patrimônio e roubam tudo que podem do local. Chamado de Casa Brasil, o prédio no conjunto Nova Natal, que antes oferecia cursos profissionalizantes do Movimento de Integração Social (Meios) para os jovens da comunidade, hoje é um típico exemplo de descaso e irresponsabilidade na administração dos recursos públicos.
Ontem a reportagem do DN esteve no local, ao lado de um grupo de moradores, liderados pelo Conselho Comunitário do bairro e Associação de Moradores. Desde que foi fechada, a casa nunca teve nenhuma vigilância. O portão de ferro está danificado e lá dentro o aspecto é desolador para qualquer contribuinte de impostos ou ex-aluno da escola. Na entrada, a reportagem foi recepcionada por uma poça d'água formada por uma tubulação quebrada, fezes, cachimbos de crack e camisinhas jogadas no chão.
As paredes de todos os compartimentos do prédio estão completamente depredadas e o teto de algumas salas já foi ao chão. Da instalação elétrica só existem mesmo os buracos na parede, toda fiação foi arrancada à força pelos vândalos para venda do cobre e utilização do dinheiro para compra de drogas. Nas salas e oficinas do prédio está a demonstração da força do vandalismo. Na sala onde havia o telecentro não sobrou um computador sequer. As cerca de 30 máquinas que haviam ali foram arrancadas e depenadas pelos marginais que, após retirar as principais peças, foram desprezadas no pátio, levando sol e chuva.
Nas salas de aula, cerca de 50 carteiras, ainda estão no plástico e na biblioteca estão as marcas da insanidade dos marginais. Para roubar as estantes da biblioteca os marginais amontoaram ao chão cerca de 3 mil livros, onde se sobressaem várias coleções de literatura brasileira, muitos exemplares ainda em bom estado. Na sala do auditório, algumas carteiras queimadas e o teto de gesso desabou, devido a uma tentativa de incêndio. Nos banheiros, ainda resistem lavatórios, vasos sanitários e torneiras. Na cozinha uma pia inox pede para não ser roubada.
O sentimento é de desolação para quem um dia entrou ali para se qualificar profissionalmente e agora presencia esse cenário de abandono. É o caso de Karla Daliane, 22, que há cinco anos fez seu primeiro curso de costureira na Casa Brasil e quando concluiu conseguiu um emprego na Guararapes. "É horrível ver uma situação dessas e que meus filhos não vão poder desfrutar desse bem público", disse ela.
O garçom Rogério Cordeiro de Moura, que faz parte da diretoria do Conselho Comunitário do Nova Natal, teve dois filhos estudando ali em cursos de informática e manutenção de micro. E a senhora Raimunda Soares, 81, teve uma filha e uma neta que fizeram o curso de costureira e hoje trabalham na profissão.
Nem o governo sabe de quem é o prédio
Além do cenário desolador de abandono, há dúvidas ainda sobre de quem é a propriedade do prédio da Casa Brasil ou a quem cabe a responsabilidade sobre o patrimônio do antigo Meios, ONG extinta pela governadora Rosalba Ciarlini. Seria a Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social do Governo do Estado (Sethas) ou o interventor do Meios nomeado pela Justiça, Marcos Leal? Segundo o procurador geral do Estado, Miguel Josino, a responsabilidade é do interventor, mas a reportagem não obteve sucesso nas diversas tentativas de contato com Leal.
Os representantes da Associação de Amigos do Nova Natal e do Conselho Comunitário, Marcelo Justino e José Justino, afirmam que vão se mobilizar para colocar uma vigilância no local, até que apareça o verdadeiro responsável pelo que ainda resta da Casa Brasil, já que nem o poder público sabe qual será o destino daquele prédio.
Fonte: DN Online/Cidade News Itaú
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