Desde ontem, a população brasileira já pode falar mais e de graça a partir dos telefones públicos, conhecidos como orelhões, da operadora Oi. Entrou em vigor a decisão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que a concessionária isentasse a cobrança por chamada de orelhões para telefones fixos. Contudo, a população potiguar parece ainda não saber da novidade e os orelhões seguem sem uso, como meras peças de decoração nas calçadas ou servindo de abrigo para o sol. No Centro da cidade, o Diário de Natal constatou que nenhum dos entrevistados sabia da nova opção de ligação gratuita.
A decisão faz parte do Plano de Revitalização de Telefonia de Uso Público da Anatel, iniciado em 2011, que exigiu que suas concessionárias realizassem um plano de vistoria e reparo nos orelhões de todo o país. Como a Oi não atendeu a alguns critérios estabelecidos, entrou em acordo com a agência para deixar de cobrar pelas ligações feitas em seus 760 mil orelhões espalhados pelo país para telefones fixos. A gratuidade vale até outubro ou dezembro, com o prazo variando conforme a resolução dos problemas apresentados pela operadora em cada cidade.
Os orelhões passaram a entrar em desuso após o boom da telefonia celular. Atualmente, muitos estão em más condições de conservação e os que funcionam raramente são usados pela população. Para o cozinheiro João de Souza Paiva, que não sabia da novidade, as ligações gratuitas para fixos são extremamente vantajosas para a população, principalmente devido à onda de violência na cidade. “É bom principalmente para os nossos filhos. Vai que alguém é assaltado e fica na rua sem comunicação, agora já pode usar o orelhão para pedir socorro a alguém. Ter um orelhão disponível para ligar é muito melhor para a população”, diz ele.
Já a aposentada Maria Gilca Soares, que circulava pelo Centro e também desconhecia a novidade, vê um lado positivo e outro negativo na gratuidade das chamadas. Segundo ela, que não usa um orelhão há oito anos desde que adquiriu seu primeiro celular, o serviço é bom para a população, mas também esbarra em um problema antigo: os trotes. “Pode ser que isso atraia a população de volta aos orelhões, mas com tanta violência no mundo, tenho medo que aumentem também os trotes para nossas casas, já que agora se pode ligar de graça”.
O único entrevistado que diz usar os telefones públicos diariamente é o comerciante Joelson Gomes, que trabalha próximo a um orelhão. Contudo, mesmo usando o orelhão, ele ainda não sabia que podia ligar gratuitamente para telefones fixos. “Eu costumo ligar a cobrar e meus colegas retornarem”, relata ele. Como o orelhão faz parte do seu cenário diário no Centro da cidade há cinco anos, Joelson Gomes diz observar que apenas os comerciantes das proximidades ainda usam o aparelho e que raras são as vezes em que a população utiliza o serviço. Quanto à conservação dos aparelhos de telefonia pública, o comerciante conta que “esse orelhão aqui perto a gente conserva, porque a gente ainda usa. Nunca deu problema. Mas, no geral, os telefones não são conservados. É comum a gente pegar orelhão que não dá nem linha”, relata ele.
Desde abril, a mesma proibição de cobrança foi determinada para a Embratel nas chamadas nacionais de longa distância, feitas por meio do código 21 nos 1,5 mil orelhões sob responsabilidade da concessionária. A medida de gratuidade das ligações de orelhões para telefones fixos, que vale até 31 de dezembro, foi decidida pela Anatel por causa do desempenho insatisfatório da concessionária na execução do plano de revitalização da telefonia de uso público.
Fonte: DN Online/Cidade News Itaú
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