domingo, agosto 12, 2012

Pai não é tudo igual

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Os genitores cuidam de seus descendentes seguindo as mudanças impostas pela sociedade. Na década de 40 a 50 a maioria das famílias de Mossoró e cidades vizinhas tinham na agricultura, pecuária e no comércio sua forma de sustento, e a maioria das crianças e adolescentes ajudavam na renda doméstica. Atualmente, os pais priorizam os estudos dos filhos e acreditam que o diálogo resolve muito mais que uma palmada.
O aposentado Erialdo Bezerra, 72, disse que muita coisa mudou desde seu tempo de criança. Ele relembra que na sua infância seus irmãos e amigos ajudavam os pais nas tarefas domésticas e as falhas eram corrigidas com severidade.
"Desde menino eu ajudava meu pai, cuidava dos bodes, cavalos. Quando ele chegava da cidade saía conferindo cada coisa que tinha delegado para gente fazer, se houvesse algo fora do lugar a chinelada 'rodava solta', mas não tinha isso de o filho ficar com raiva ou as pessoas dizerem que era errado. Era uma forma de disciplina da época, nós pensávamos duas vezes antes de fazer alguma astúcia", relatou Erialdo.
Ele complementa dizendo que ser pai na década de 60 era diferente dos tempos atuais. "Os homens trabalhavam para manter a casa e as esposas cuidavam dos filhos. E naquela época as famílias eram grandes, eu mesmo tive 8 filhos, sou avô de 16 netos e 4 bisnetos. Com meus netos percebo que as coisas são diferentes, meus genros e filho se fazem mais presentes, vão à escola, ajudam nas atividades, saem juntos, viajam, são mais afetuosos", explicou o aposentado.
O flanelinha Aldivan Celestino ressalta que independente da época ser pai tem suas dificuldades, no entanto, ele diz que elas se tornam menores para aqueles que trabalham pensando no futuro dos filhos.
"Não quero que meus filhos sigam meu exemplo, quero que eles sejam melhores do que eu. Isso é o que diferencia um pai de outro. As dificuldades existem para aqueles que não querem trabalhar. Trabalho como flanelinha e ainda assim consigo prover o sustento dos meus três filhos. Antigamente era diferente porque era mais difícil as pessoas terem acesso as coisas, as pessoas tinham menos recursos. Minhas crianças têm o que eu não pude ter, pois meu pai sempre foi muito pobre e desde cedo tive que trabalhar para ajudar em casa".
O estudante Kleber de Assis contou que foi pai aos 18 anos e hoje aos 20 explicou que muitas foram as mudanças em sua vida.
"Cada um tem uma dificuldade. A gente que é mais novo vê como principal problema a questão financeira, pois ainda estamos finalizando os estudos, buscando um espaço no mercado de trabalho. Com o passar dos anos, as mensalidades das escolas se ajustam, os preços de leite e fraldas têm acréscimos. Ser pai sem planejar é muito difícil, a gente precisa reorganizar cada setor da vida. Mesmo assim não me vejo sendo outra coisa além de pai".
O comerciante Francisco da Chagas aponta as dificuldades encontradas pelos homens no século 21. "As crianças e adolescentes não tinham tanto acesso aos meios de comunicação, hoje a gente precisa ter o cuidado de fiscalizar o conteúdo a que elas estão tendo acesso. Os jovens são influenciados diariamente pelos amigos, redes sociais, entre outras coisas. Além disso, devido ao grande número de informações, elas aprendem sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lutam mais por seus direitos. Muitas vezes uma palmada vira uma discussão". 
Importância da figura paterna no desenvolvimento infantojuvenil

Especialistas afirmam que a relação entre pais e filhos é afetada diretamente pelos momentos de transição que a sociedade vivencia, ou seja, as mudanças na economia, nas leis, na religião, afetam a forma como as famílias criam seus filhos, por exemplo, o ECA proíbe qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz, soma-se a isso o fato que os castigos físicos podem ser enquadrados na Constituição Federal e nos Códigos Civil e Penal.
Kléber de Assis reforça bem essa teoria ao dizer que não utiliza os métodos do seu pai para criar a sua filha.
"Os tempos são outros. Deixo a situação me dizer o que fazer, não fico pensando em como meu pai faria. As coisas mudaram muito. Até a forma de agir das crianças são diferentes, elas são mais ativas, têm mais acesso às informações. Diferente de 30 ou 40 anos atrás. O que a gente não pode perder de vista é a imposição de limites", explicou o estudante.
Os sociólogos afirmam que a presença paterna é muito importante por diversos aspectos, mas principalmente do ponto de vista sociológico, pois a simples convivência com o pai ajuda a criança a exercer sua cidadania. A figura paterna também é responsável por despertar sentimentos e valores positivos. Quando um pai divide as responsabilidades com a mãe, ele está dando lições preciosas de solidariedade e passando valores importantes sobre respeito e colaboração. O pai é ainda um facilitador entre a criança e a sociedade.
Segundo especialistas, apesar de ter se tornado mais carinhoso, o pai ainda é o principal responsável por soltar as amarras dos filhos. As mães em geral, tendem à superproteção e carregam consigo valores como o acolhimento e a proteção. Assim, na maioria das vezes, é delegada ao pai a função de equilibrar esse excesso de proteção e estimular a construção de uma identidade mais autônoma e ousada. Essa relação impede que a criança se torne uma pessoa insegura, desobediente e autoritária.

Fonte: O Mossoroense/Cidade News Itaú

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