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domingo, agosto 26, 2012

MP de olho no núcleo de inteligência penitenciária do RN




Criado nesta semana inicialmente para levantar informações que venham antecipar possíveis fugas ou rebeliões no sistema prisional potiguar, o Núcleo de Inteligência Penitenciário (Nipen) também deve trabalhar na recaptura de fugitivos dos presídios. De acordo com o coordenador de Administração Penitenciária, Ailson Dantas, agentes penitenciários poderão até prender foragidos e fazer escutas telefônicas. No entanto, o promotor criminal Wendell Beetoven, do controle externo da atividade policial, afirma que isso é trabalho da Polícia e adverte que poderá tomar medidas contrárias, como mover ações judiciais, caso o Nipen insista na ideia.

Nipen teria função de levantar informações para evitar fugas ou rebeliões. Foto: Paulo de Sousa/DN/D.A Press
Ailson Dantas explica que o objetivo principal da criação no Nipen é o de levantar dados dentro dos presídios que possam subsidiar planejamentos e ações que venham a coibir rebeliões e fugas de detentos. "A ideia é, por exemplo, se chegar uma informação de que há drogas ou armas dentro de um presídio, nós possamos investigar até encontrarmos esses objetos e tomar medidas disciplinares aos culpados".

Além disso, segundo o coordenador do sistema penitenciário, pretende-se aparelhar o núcleo de maneira a tornar possível o monitoramento de foragidos a partir de escutas telefônicas. "Mas, claro, faremos tudo isso com autorização judicial. Estamos estudando maneiras de fazer isso de acordo com a legislação". Outro trabalho do Nipen, conforme Ailson Dantas, será o de prender foragidos. "O foragido da Justiça está em condição de flagrante e pode ser detido por qualquer um do povo. Mas, é lógico, vamos fazer isso também em conjunto com a Polícia. Não queremos tomar o lugar de ninguém, apenas cumprir o dever do Estado que é o de recapturar fugitivos".

Wendell Beetoven acha imprescindível a criação de um núcleo de inteligência para o sistema penitenciário, mas discorda desses dois pontos. "Deter foragido é cumprir mandado de prisão e isso é papel da Polícia Judiciária [Polícia Civil]. E, pela Constituição, agentes penitenciários não podem fazer o trabalho da polícia". O promotor lembra ainda que escutas telefônicas demandam autorizações judiciais que são concedidas também somente à polícia investigativa. "Sigilo telefônico só pode ser quebrado para fins de investigação de crimes, e não para prender foragidos".

O promotor alega que o papel dos agentes penitenciários é o de capturar os fugitivos imediatamente após esses terem escapado dos presídios. "Correr atrás dos presos quando esses acabam de fugir da cadeia, isso eles podem e devem. Mas não cumprir mandados de prisão".

Fonte: DN Online/Cidade News Itaú

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