É altamente louvável, para a economia da região e principalmente para que este volte a ser o conceito do Nordeste para seus próprios filhos, naturais e adotivos, a iniciativa que a Superintendência de Desenvolvimento (Sudene) anunciou na semana passada, no sentido de tentar estimular e fortalecer empresas de aviação genuinamente vinculadas à terra das secas.
A princípio, a idéia é estabelecer e fomentar vôos entre as principais cidades da região, encurtando distâncias e reduzindo, pelo menos para uma classe econômica local, a dependência de veículos automotores. Tal iniciativa, porém, precisará considerar e atender a mais variáveis para alcançar êxito e repetir os inúmeros insucessos que o Rio Grande do Norte já conheceu neste campo, como as "n" tentativas de re-inserir Mossoró no cenário da aviação comercial.
Não se deve imaginar apenas a concorrência com ônibus, cujos donos em outras partes do país sofrem muito em virtude de as passagens aéreas estarem competitivas demais para seus veículos. Os sucessivos insucessos amargados pelas empresas que tentaram voar regularmente de Mossoró a Natal se deve principalmente ao fato de mossoroenses que poderiam usar seus aviões preferem se deslocar entre as duas cidades em automóveis, na maioria das vezes à proporção de um cidadão por carro.
No caso do Nordeste, é necessário constatar e reconhecer a desfiguração desta parte do país como região, o que foi feito ao longo dos últimos quarenta anos em função da crescente dependência de Brasília em termos políticos e da atração de recursos governamentais e de São Paulo como a maior força gravitacional exercida sobre os nordestinos que podem viajar.
Também é necessário reestudar o maior incentivo que viagens a passeio encontram no sistema nacional de milhagens, pelo qual distâncias voadas dão crédito para novos deslocamentos aéreas. É preciso encontrar um jeito de parte do crédito conquistado pelos nordestinos seja preferencialmente utilizado entre cidades da região.
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