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quinta-feira, julho 12, 2012

Seca já afeta 500 mil potiguares e deve se agravar no 2º semestre


 (Montagem/DN)
A emergência continua em 139 dos 167 municípios potiguares por causa da seca. O decreto nº 22.859, publicado ontem pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM) no Diário Oficial do Estado prorrogou por mais 90 dias a emergência da estiagem. A situação de emergência havia sido decretada no dia 11 de abril, através do decreto nº 22.637. Ontem a governadora esteve no velório e sepultamento do cardeal Dom Eugênio Sales, no Rio de Janeiro, e não pôde comentar os motivos da continuidade. A população afetada, segundo levantamento da Secretaria Estadual da Agricultura, da Pesca e da Pecuária (SAPE) é de 500 mil pessoas. No segundo semestre, “o sertanejo não terá o que consumir porque não produziu nada”, alerta o meteorologista Gilmar Bistrot, da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn).

No interior a situação contibua preocupando os pequenos produtores rurais e afetando o plantio. No decreto, Rosalba Ciarlini justifica que especialmente nas zonas rurais dos municípios afetados a falta de água prejudica a produção agrícola e a pecuária, assim como o consumo humano e animal. Além dos problemas sócioeconômicos que traz a seca, há “dificuldade, por parte da Administração Pública local de adotar medidas emergenciais que minimizem a situação de anormalidade”, diz o decreto.

Até agora, as pancadas de chuvas de inverno foram insuficientes para a formação de estoques de água nos principais reservatórios, açudes, tanques, poços tubulares, barreiros e cisternas no interior do Estado. A situação pluviométrica dos principais mananciais do Estado, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) é crítica, conforme aponta o último relatório. Há redução do volume d’água em alguns reservatórios. “Fazemos acompanhamento mensal. Nosso relatório mostra que essas chuvas que ocorreram no final de junho e início de julho se concentraram no litoral. Os açudes do interior continuam num processo de diminuição de volume”, afirmou Gilberto Jales, titular da Semarh.

A situação mais crítica, segundo o secretário, se verifica nos açudes públicos da região do Alto Oeste potiguar, em cidades como São Miguel, Pilões e Tenente Ananias, que apresentam capacidade hídrica em torno de 30%. “Temos um horizonte de pelo menos seis meses até o início das prováveis próximas chuvas, em janeiro, e há alguns casos que inclusive a situação já compromete o abastecimento das cidades”, ressaltou Jales. “Além de abastecer a cidade, alguns açudes também servem para plantações. Nelas, foi preciso diminuir o volume dessa água de irrigação para priorizar o abastecimento humano”.

Conforme consta no decreto da governadora, “a estiagem na área rural dos municípios continua caracterizada como gradual e de evolução crônica, de grande porte e de grande intensidade, onde os danos causados são importantes e os prejuízos vultosos, contribuindo para intensificar a estagnação econômica e o nível de pobreza do semiárido norte-rio-grandense, e consequentemente, os desequilíbrios inter-regionais e intra-regionais”, descreve Rosalba.

Previsão desanimadora no segundo semestre

Outro fator triste para o homem do campo é a previsão nada animadora de chuva nos próximos meses. O monitoramento feito pela Gerência de Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) aponta que, entre janeiro e fevereiro de 2012, época em que normalmente mais chove no semiárido potiguar, houve “irregular distribuição temporal e espacial das chuvas”. O relatório também aponta que nos meses seguintes a situação se manteve crítica. “Fica claro o predomínio de ocorrência de poucas e irregulares chuvas durante o mês de março, que segundo a climatologia é um dos meses, juntamente com o mês de abril, que apresenta maiores índices pluviométricos”.

Gilmar Bistrot, meteorologista da Emparn, afirmou que a previsão não é animadora. “A prorrogação do decreto já era previsível. O período mais seco do ano está por vir, entre setembro e novembro. Mesmo em épocas de chuvas normais, os índices médios nesse período são os mínimo. A média histórica acumulada é no entorno de 50 milímetros durante os três meses”, explicou. “Em virtude da pouca chuva entre fevereiro e maio, os reflexos maiores serão sentidos agora no segundo semestre. Não houve produção de recursos naturais em virtude do período chuvoso ter sido abaixo do normal, nem de reserva hídrica nem de produção de agricultura. Infelizmente a stuação é bem crítica”.

Defesa Civil realiza vistoria

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec-RN) atesta o quadro característico de Situação de Emergência, ainda de acordo com o parecer Técnico nº 002/2012, de 10 de abril de 2012. O representante da Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec), 2º Tenente do Corpo de Bombeiros, Júlio César, vai visitar, hoje, alguns municípios em situação de emergência, como Caicó e Mossoró. A visita tem como objetivo verificar, por amostragem, a  situação nos municípios, bem como apoiar no que for necessário, inclusive nas orientações, quanto aos procedimentos adotados nesta situação. 

Fonte: DN Online/Cidade News Itaú

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